Isabel Casanova - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Isabel Casanova
Isabel Casanova
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Isabel Casanova, licenciada em Filologia Germânica, mestre e doutora em Linguística Inglesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É professora associada com agregação da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e especialista em Estudos Contrastivos e Lexicografia. Das suas atividades destacam-se especialmente a lecionação nos Mestrados em Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês e da sua obra destacam-se, entre outros: Manual de Linguística Inglesa, Linguística Contrastiva: O Ensino da Língua Inglesa, A Língua no Fio da Navalha; Ensaio para um Dicionário da Língua PortuguesaDicionário Terminológico: Compreender a TLEBS, Discursar em Português... e não só, Português para o Mundo, Português Revisitado: Dúvidas e Erros Frequentes, assim como a colaboração como especialista de língua portuguesa nas edições da Enciclopédia Larousse publicada em Portugal.

 
Textos publicados pela autora
Siglas e acrónimos

Siglas e acrónimos são palavras formadas pelas letras iniciais de várias palavras: RTP é uma sigla que representa Rádio e Televisão de Portugal, assim como PT é uma sigla formada pelas iniciais das palavras Portugal Telecom. De formação semelhante, os acrónimos apenas se distinguem das siglas por permitirem uma leitura silábica: se EDP é uma sigla, já REN é um acrónimo, uma vez que a constituição das letras de EDP nos obriga a uma leitura letra a letra, e REN nos permite uma leitura em sequência como qualquer palavra monossilábica. Unesco, ovni e sida são exemplos de acrónimos em português. Em consequência da sua formação a partir das letras iniciais de outras, quer se trate de siglas ou acrónimos, estas palavras  não variam em número, uma vez que o plural está já incluído na palavra da qual se considerou apenas a letra inicial. (...)

<i>Pari passu</i>

Erradamente traduzida por «a par e passo», a expressão latina pari passu significa «em passo igual, a par, simultaneamente». Trata-se de uma forma ablativa em que algo é feito com passo igual. Usa-se na linguagem médica quando se pretende referir desenvolvimentos simultâneos ou em economia e finanças para referir, por exemplo, créditos ou dívidas que se apresentam em pé de igualdade, sem precedências uns sobre os outros, ou seja, situações em que se aplica o princípio de igual tratamento; créditos ou dívidas andarão, pois, em simultâneo. (...)

«Pedir para» e «pedir que»

Mandam as regras que o verbo pedir seja normalmente acompanhado de dois complementos: um direto e um indireto. Pede-se, pois, alguma coisa (CD) a alguém (CIND): «eu pedi um livro ao João» ou «eu pedi ao João que me emprestasse um livro».

Quando o complemento direto é uma oração, encontramos o verbo pedir regendo duas estruturas diferentes que muitas vezes vemos confundidas pelos portugueses: «pode-se pedir que...» e «pode-se pedir para...». (...)

Ainda a posição dos pronomes átonos nas orações de infinitivo

Na sequência da colocação em linha do texto "A colocação dos pronomes clíticos, ou a proliferação dos erros induzidos", de Isabel Casanova, um consulente devidamente identificado (mas com o pedido de reserva pública do nome, por razões profissionais), fazendo referência indireta à Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, enviou ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa em 13/04/2016, a seguinte observação:

«Há erro na postagem de hoje da professora Isabel Casanova.

Como se pode ler noutras páginas e em gramáticas, por exemplo postagem do site dicionarioegramatica.com também de hoje, a autora erra ao dizer que o certo teria de ser "sem se privar", em vez de "sem privar-se".»

Segue-se a réplica de Isabel Casanova.

Atenção à homofonia<br> e não só

Quando éramos crianças, o meu pai ditava-nos uma frase que dizia assim: «Sem cansaço, dei cem passos até aos paços do concelho para pedir um conselho a um amigo sobre um conserto dum piano para dar um concerto em S. Carlos.» A dificuldade estava, como se imagina, em distinguir grafias de palavras que soam de forma semelhante: sem/cem; passos/paços; concelho/conselho; conserto/concerto. (...)