Língua minha, se agora a voz levanto,
Pedindo à Musa que me inspire e ajude,
Somento soe em teu louvor o canto,
Inda que a lira seja fraca e rude;
E tudo quanto sinto na alma, o digo,
Já que na alma não cabe,
Contigo viva e acabe — só contigo.
Língua minha dulcissona e canora,
Em que mel com aroma se mistura,
Agora leda, lastimosa agora,
Mas não isenta nunca de brandura;
Língua do gram Camões, a que ele ensina
A sinfonia rara,
Que em tudo se compara — co´a latina.