José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Como distinguir "áfeta" (a bolha dolorosa na boca), que na linguagem de governo e tutelados passa a ser "afeta", de "afecta" (que passa a ser "afeta)?

Mais ainda, como interpretar o grito «Ninguém pára o Benfica», por exemplo, que, na linguagem de governo e tutelados passa a ser «ninguém para o Benfica»?

Agradeço a atenção.

Resposta:

O consulente começa por laborar num erro de monta: não é nem nunca se escreveu "áfeta", mas, sim, afta.

Afta – na definição do Dicionário Houaiss: «pequena ulceração superficial dolorosa, observada ger. na mucosa bucal e mais raramente na mucosa genital, de causa desconhecida, com recidivas atribuídas a vírus ou fungos, desequilíbrio hormonal, problemas alimentares ou estresse, podendo apresentar-se isolada ou associada a doenças sistêmicas» – tem origem no latim āphtae, ārum, «aftas, úlceras da boca». Derivou do grego áphtha, que alternava com áphthē, ēs, «"afta, úlcera bucal", e este este do verbo háptō "queimar, acender" [...]» (ibidem).

Já agora: mesmo que fosse "áfeta", nunca seria verdadeiramente homógrafa de afeta ("afecta", antes do Acordo Ortográfico).

Quanto aos restantes exemplos, esses, de facto, alterados com a nova reforma, como já por diversas vezes foi esclarecido – por exemplo, aqui –, eles corres...

A escorregadela no “explôda”

«(…) O  que é que esta Europa pretende, se pretende que tudo isto explôda, pode ser… Ou então encontrar uma solução para que a Grécia possa estar num quadro mais fácil.»

António Esteves Martins, correspondente da RTP, em Bruxelas, Telejornal da RTP, 5/07/2015

 

 

Pergunta:

Venho pelo presente colocar uma questão quanto ao novo Acordo Ortográfico, que é a seguinte: qual a redação atualmente correta da palavra "anti-abuso"?

Obrigado.

Resposta:

Escreve-se sem hífen: antiabuso.

Com o Acordo Ortográfico, comparando com a reforma de 1945 as regras o uso do hifen ficaram com uma melhor sistematização e coerência de critérios, nomeadamente com os prefixos de origem latina e grega.

É o caso do anti-, que só manteria o hífen se o segundo elemento começasse por h (anti-higiénico/higiênico) ou pela mesma vogal (anti-imperialista) – conforme o estabelecido na Base XVI ("Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação"). Na nova reforma as restantes regras para o uso do hífen englobam ainda as relacionadas para os compostos, locuções e encadeamentos e com a ênclise, a tmese, ou mesóclise, e com o verbo haver.

Concretizando1:

Casos em que se deve usar hífen:

1. Quando o segundo termo iniciar por h.

•    Anti-higiênico, extra-humano

Um tropeção na ainda mais macroscópico" class="img-adjust">

«Vamos entrar de fim-de-semana e, ao que diz a metereologia, o tempo não deverá estar de praia. Por isso, e porque tinha uma farta colheita, seleccionei para hoje um conjunto de textos mais longos, mais intemporais, mas também mais próprios de uma leitura ora relaxada, ora útil, ora mais reflexiva. (...)»

José Manuel Fernandes, no boletim informativo que redige e envia por correio eletrónico com as atualizações diárias do jornal digital Observador, de 12/06/2015

«Em bom português»?

O futuro da língua portuguesa discutido em bom português foi o título genérico do colóquio promovido pelo Diário de Notícias no dia 27 de maio, no âmbito das comemorações dos 150 anos deste secular matutino português. Só foi pena que o «bom português» se tenha ficado nas intenções – e, no respetivo programa, ninguém se tivesse preocupado com aqueles intrusivos welcome coffee e coffee break, em vez dos correspondentes termos em português: receção e pausa/intervalo/café.