A obra Falar(es) Bracarense(s). Janelas da transformação de um espaço rural, de José Teixeira (Edições Húmus, 2021) inscreve-se numa tradição de estudos dialetológicos lançada nos inícios do século XX por J. Leite de Vasconcelos e continuada por Manuel de Paiva Boléo e Lindley Cintra, os quais permitiram a constituição de mapas linguísticos de Portugal com identificação de características linguísticas regionais, mapeando dialetos e falares.
Neste âmbito, o trabalho de José Teixeira vem propor uma abordagem inovadora: a introdução de pesquisa linguística em espaço urbano, desenvolvida na cidade de Braga, opção que o autor justifica defendendo a importância de preservar modos de falar que nos identificam e correm o risco de se perder: «Num mundo cada vez mais global e tendente à unificação cultural, parecerá quixotesco o desejo de agarrar formas de falar presas a épocas e vivências muito diferentes, como as entrevistas que se publicam neste livro espelham. No entanto, todos temos a perceção de que as nossas formas de falar são, ainda hoje, repositórios das vivências e dos falares das gerações que nos antecederam e aceitarmos perder e esquecer tudo o que permitiu construir a nossa identidade tem algumas desvantagens.» (p. 15) Ou, como afirma mais à frente: «Perdermos as palavras que são nossas, da nossa região, é perder um pouco dos testemunhos da nossa forma de viver. A...