Estrofe 33 do Canto I de Os Lusíadas, conforme transcrição da antologia Paladinos da Linguagem.
Luís de Camões (Lisboa [?], 1524 – Lisboa, 1580) foi um poeta do séc. XVI considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa. A sua maior obra foi Os Lusíadas, epopeia que narra e glorifica os feitos heroicos portugueses. Pela grandeza da conceção, realismo das descrições e lirismo de vários episódios, conhecimento técnico, literário, histórico e geográfico, Os Lusíadas é uma das obras mais importantes do Renascimento. Mais aqui, aqui e aqui.
Estrofe 33 do Canto I de Os Lusíadas, conforme transcrição da antologia Paladinos da Linguagem.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve – as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto:
que não se muda já como soía.
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