Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Maria Regina Rocha
Maria Regina Rocha
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Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa; mestrado em Ciências da Educação, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e doutoranda na mesma; professora na Escola Secundária José Falcão, em Coimbra; larga experiência pedagógica no ensino politécnico (Escola Superior de Educação de Coimbra) onde lecionou várias disciplinas na área da Língua Portuguesa. Autora (ou em coautoria), entre outros livros, de Cuidado com a Língua!, Assim é que é falar! 201 perguntas, respostas e regras sobre o português falado e escrito,  A Gramática – Português – 1.º Ciclo, A Gramática – Exercícios – 2.º  anoA Gramática – Exercícios – 3.º ano e A Gramática – Exercícios – 4. ano e Eu não dou erros!

 
Textos publicados pela autora

«Começa agora a desenhar-se os contornos da nova lei: período de reflexão curto, não há aconselhamento obrigatório e esta tónica de que o ministro da Saúde, pelo menos, quer que os abortos sejam feitos, prioritariamente, no Serviço Nacional de Saúde.»

Nesta frase1, o verbo começar deverá ir para a 3.ª pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, que está no plural («os contornos da nova lei»): «Começam agora a desenhar-se os contornos da nova lei.»

TVI

«O título provisório da história, que está prevista estrear em Novembro na Globo.»

Errada esta construção.1 Trata-se de uma história, melhor dizendo, de uma «telenovela, cuja estreia está prevista para Novembro, na Globo».

A notícia referia o vídeo dado à estampa pelo jornal inglês The Sun, que retrata o  erro de dois pilotos norte-americanos, em 2003, no Iraque, provocando a morte de um soldado britânico:
«O vídeo mostra também o profundo desespero dos pilotos ao perceberem do erro cometido.»1

Perceber de significa «ser perito em», «ter bons conhecimentos sobre» (ex.: «Ele percebe de computadores»).

Aperceber-se de significa «dar-se conta de», «notar» (ex.: «Ele apercebeu-se de que o carro não tinha travões»).

«O meu sentimento, como é natural, é de um grande reconhecimento e de agradecimento à decisão que o senhor presidente da República tomou em querer-me agraciar.»1

Nesta frase há dois aspectos a considerar: primeiro, não se agradece a uma decisão, agradece-se a alguém; segundo, o pronome se deverá estar ligado ao verbo ao qual diz respeito (agraciar), e não ao auxiliar (querer).

«É evidente que Portugal tem que apostar cada vez mais num modelo assente em trabalho cada vez mais qualificado e, portanto, melhor remunerado.»1

Duas incorecções nesta frase:

Em primeiro lugar, embora esteja generalizado o uso de «ter que» em vez de «ter de», é bom lembrar que «ter de» é a locução adequada quando se pretende referir um dever, uma obrigação: «Portugal tem de apostar cada vez mais num modelo assente em trabalho qualificado.»