Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Maria Regina Rocha
Maria Regina Rocha
59K

Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa; mestrado em Ciências da Educação, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e doutoranda na mesma; professora na Escola Secundária José Falcão, em Coimbra; larga experiência pedagógica no ensino politécnico (Escola Superior de Educação de Coimbra) onde lecionou várias disciplinas na área da Língua Portuguesa. Autora (ou em coautoria), entre outros livros, de Cuidado com a Língua!, Assim é que é falar! 201 perguntas, respostas e regras sobre o português falado e escrito,  A Gramática – Português – 1.º Ciclo, A Gramática – Exercícios – 2.º  anoA Gramática – Exercícios – 3.º ano e A Gramática – Exercícios – 4. ano e Eu não dou erros!

 
Textos publicados pela autora

Notícia do Jornal da Tarde da RTP-1 de 25 de Fevereiro de 2007 sobre o anúncio de José Ramos-Horta em candidatar-se à presidência da República de Timor-Leste: «A insistência da comunidade internacional foi dos factores que mais pesou na decisão do actual primeiro-ministro [timorense].»

Como o verbo pesar tem como sujeito «factores», deverá ir para a 3.ª pessoa do plural: «A insistência da comunidade internacional foi dos factores que mais pesou na decisão do actual primeiro-ministro [timorense].»

Na introdução do concurso da RTP-1 Grandes Portugueses, de 20 de Fevereiro p. p., a apresentadora Maria Elisa disse o seguinte acerca de Fernando Pessoa: «O mundo reconhecê-lo-á como um dos grandes poetas do século XX, traduzido em 37 línguas, tantos quantos os anos que viveu.»

Não é tantos, mas tantas: « (…) traduzido em 37 línguas, tantas quantos os anos que viveu».

 «Tantas» refere-se a «línguas» (não a «anos»): são tantas línguas quantos os anos.

 

«Que é que hoje aprendestes? Lembras-te?», ouviu-se à jornalista da RTP-11, autora de um peça sobre o autismo, em diálogo com uma menina afectada pela doença.

O que a jornalista devia ter dito era «O que é que tu hoje aprendeste?», sem s a terminar a forma verbal, e não esse erro, frequente na linguagem oral, em que os falantes fazem analogia com a 2.ª pessoa do singular da generalidade dos tempos verbais. 

Demais ou de mais? é uma das dúvidas – e confusões – mais frequentes no português corrente, razão, de resto, de permanentes perguntas de quem consulta o Ciberdúvidas. Vejamos esta dúvida de um leitor do jornal 24 Horas1: «Nenhuma vida é demais» ou «Nenhuma vida é de mais»?

«Quem o atacou sabia onde morava e fizeram-lhe uma espera»,  escrevia-se no jornal 24 Horas de 15 de Fevereiro p. p., numa notícia sobre a agressão a um sargento da GNR.

Escrevia-se mal: o sujeito quem leva o verbo para a 3.ª pessoa do singular: «Quem o atacou sabia onde morava e fez-lhe uma espera.»