«No momento da extrema dor, no pensamento mais profundo, aquele que vem na madrugada, não é em português. É o bantu. Numa primeira fase, o português acaba sendo como uma língua de trabalho e não uma língua de afecto. Depois uma e outra misturam-se.»
Entrevista conduzida por Isabel Lucas Santos a Paulina Chiziane, escritora moçambicana galardoada com o Prémio Camões de 2021. Entre vários tópicos, a autora fala da sua relação com a língua portuguesa e com a poesia de Camões, bem como acerca da experiência de abordar temas sociais numa recriação literária em contexto bilingue, em permanente contacto com as línguas bantas de Moçambique. Texto transcrito com a devida vénia do suplemento Ípsilon do jornal Público, em 27 de maio de 2022. Mantém-se a antiga ortografia de 1945, que é a adotada pelo original.