Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Discurso/Texto
Carolina Pires Estudante Leiria, Portugal 8K

O que é mais correto dizer: «Quantos de nós gostariam», ou «Quantos de nós gostaríamos»?

Álvaro Faria Ator Lisboa, Portugal 21K

Há casos em que seja correcto escrever «mal tratado», em vez de «maltratado»?

Se eu escrever «O suspeito foi maltratado na polícia», estou a dar a entender que ele foi agredido. Querendo apenas afirmar que foi tratado mal (com falta de educação, por exemplo), posso optar por «O suspeito foi mal tratado na polícia»?

Libânio Cardoso Professor Toledo, Brasil 10K

Quanto à regência do verbo concernir, que é indireto em sua transição, compreende-se que se use «lhes concerne» em lugar de "os concerne".

Mas que fazer no caso da primeira pessoa do plural? Posso dizer «o que nos concerne» tão corretamente quanto diria «o que concerne a nós»?

Rosina Nuzzi Estudante Montes Claros, Brasil 9K

Estou com uma dúvida relativa à seguinte frase: «Como efeito, afirma-se que a nação brasileira está progredindo à medida que fortalece suas raízes...» Há vírgula após «progredindo»?

Ana Bilreiro Funcionária pública Lisboa, Portugal 10K

Gostaria de saber se na expressão «Atenta ao e-mail enviado no passado dia 19», e sendo o sujeito feminino, se se conjuga o atenta ou se escreve atento, no sentido de «tendo em atenção».

Tiago Mendonça Estudante Setúbal, Portugal 7K

Boas, a minha questão envolve o uso de diferentes tempos verbais numa frase. Dois exemplos:

«Gostaria eu de falar-te face a face. Mas temo que não conseguisse expressar nem um pouco.»

«Confio que usarás com sabedoria esta informação. Foi a primeira vez que falei de mim a alguém que amasse desta forma.»

Estão essas frases correctas? Se não, qual a forma correcta?

Ricardo Vetusto Estudante Rio de Janeiro, Brasil 7K

Queria saber se, quando o mas liga termos, e não orações, a vírgula é dispensada, facultativa ou obrigatória. Exemplo: Não fiz um trabalho exaustivo mas prazeiroso. A vírgula antes do mas é dispensada, facultativa, ou obrigatória?

Inês Guerreiro Tradutora/revisora Lisboa, Portugal 6K

No caso da frase «Fez dos alhos bugalhos», deverei usar uma vírgula a separar as duas últimas palavras?

Fernando Verde Estudante Porto, Portugal (Porto) 2K

Gostaria de saber quais os melhores "truques" para identificar o sujeito de uma frase e qual a sua oração principal.

Nas gramáticas é fácil de percebê-lo, pois os exemplos dados são sempre simples, porém, em frases mais complexas...

Armando André Professor do ensino secundário Porto, Portugal 9K

No contacto diário com a língua escrita, facilmente constatamos uma certa anarquia na área da pontuação. Sabemos que o emprego dos sinais de pontuação oferece uma considerável margem de liberdade, que a subjetividade desempenha um papel importante; no entanto, sentimos que algo deveria ser feito no sentido de uma maior uniformização de critérios…

As gramáticas portuguesas não concedem ao assunto a importância que ele merece, limitam-se a uma apresentação sumária e superficial, manifestamente insuficiente.

Estes fatores alimentam a indecisão, a dúvida e, mesmo, a ignorância, atingindo, inclusive, aqueles que mais de perto lidam com a língua: os docentes.

É deste âmbito a situação que passo a expor, solicitando o vosso contributo.

Nas atas das reuniões de avaliação, são frequentes as enumerações. Nestas, é mencionado o número do aluno, seguido do respetivo nome (primeiro e último), naturalmente separados pela vírgula. O que, muitas vezes, se passa é que se usa a vírgula para separar os vários alunos entre si…

Não invalidando sumariamente esta opção, parece-me preferível optar pelo uso do ponto e vírgula para separar estes elementos. Isto contribuirá para uma melhor clareza do texto, evitando a excessiva repetição deste sinal de pontuação e eliminará uma certa ambiguidade. Embora a ata, texto normativo, não tenha as preocupações estéticas do texto literário, isso não impede que procuremos construir um texto agradável e, neste aspeto, ele sairá largamente beneficiado.

Tendo manifestado, em contexto escolar, esta minha posição, fui objeto de grande contestação, junto dos colegas de Português (minha área disciplinar). O ponto e vírgula é usado para «separar os diversos itens de enunciados enumerativos» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 13.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, p. 648). Isto é amplamente corroborado: «Usa-se o ponto e vírgula entre os vários elementos de uma enumeração quando se pretende estabelecer claramente a sua separação» (Bergström e Reis, Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa, 33.ª ed., Lisboa, Editorial Notícias, Lda., p. 49).

Será, sem dúvida, pertinente incluir neste âmbito a situação que exponho. Os exemplos apresentados são diferentes, mas a gramática não pode, naturalmente, contemplar todos os contextos. A partir da análise de obras que tratam este sinal, ressaltam duas ideias fundamentais: ele é decisivamente “escravo” do contexto (além da intenção), pela sua própria natureza de intermediário entre o ponto e a vírgula; a sua capacidade para colmatar claramente as insuficiências da vírgula é inquestionável.

Gostaria que comentassem esta situação, pois é comum assistir-se a um "interminável desfile" de vírgulas nas atas que mencionei. Creio que isso pode contribuir para esclarecer uma situação recorrente nos nossos estabelecimentos de ensino.