DÚVIDAS

Bígama
Na peça teatral Três em Lua-de-Mel (uma sátira ao Frei Luís de Sousa) da autoria de Henrique Santana e Francisco Ribeiro (Ribeirinho) em que a protagonista é casada com dois homens, um outro personagem faz-lhe reparo que «isso é um caso de biandria e portanto, pode ser presa». A minha pergunta é: existe o vocábulo "biandria"?! Sei que o prefixo indica dois, mas não consigo encontrar a palavra em nenhum dicionário nem na Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Obrigado pela vossa disponibilidade.
Trem e comboio (história das palavras)
Há pouco tempo li alguns excertos do Regulamento para a policia e exploração dos caminhos de ferro... (Lisboa, 1868). Aqui é utilizada a palavra trem e existe o chefe de trem. Mas no mesmo manual, que estava distribuído a todos os trabalhadores ferroviários, também aparece a palavra comboio, aparentemente com um significado ligeiramente diferente. Portanto houve um período em que se utilizou em Portugal a palavra trem. Por exemplo, aparecem os dois termos nesta frase: «Na testa do trem, e a seguir ao tender, irão tantos wagons que não transportem passageiros quantas as locomotivas que rebocarem o comboio […]; as carruagens e wagons que entrarem na composição de um trem de passageiros serão ligados de maneira que as almofadas de choque estejam em contacto.» Como estudiosos da língua portuguesa saberiam indicar a diferença(s) que neste período era atribuída à definição de trem e comboio em Portugal? Obrigado.
Mesóclise e língua materna
Desejava saber se determinadas construções que têm baixa ocorrência na língua do povo, como, por exemplo, a mesóclise, continuam a fazer parte da língua materna desse mesmo povo. [...] Precisava de uma bibliografia, no caso de haver linguistas que se contraponham à opinião de David Crystal presente no seu dicionário A Dictionary of Linguistics and Phonetics quanto à língua materna. A meu ver, é uma loucura considerar-se como língua materna o repertório de usos e construções de uma criança de 5/6 anos.   Muito obrigado! 
A onomástica e os nomes próprios
Gostaria de saber se a onomástica [«ciência que estuda a etimologia, as transformações e a classificação dos nomes próprios»] pode tratar dos nomes de família, ou se isso faz parte unicamente do domínio da patronímia. A origem desta dúvida advém de alguma informação contraditória que encontrei a respeito da definição de nome próprio enquanto antropónimo. Ensinaram-me que o nome próprio se refere unicamente ao nome de batismo (ou prenome). No entanto, no dicionário da Priberam, vejo que a definição do termo antropónimo é «[n]ome próprio de pessoa (ex.: Antónia, Francisco, Pedro, Fernandes, Mendes)» – isto é, segundo o Priberam, os nomes de família (Fernandes, Mendes) também são considerados nomes próprios. Além disso, na definição de nome próprio no Wikipédia temos: «As pessoas recebem como nome próprio um ou mais prenomes e um ou mais sobrenomes ou apelidos de família.» Grato pela vossa atenção.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa