DÚVIDAS

O uso do verbo minorizar
Estou neste momento a estudar o código da estrada (para tirar a carta de condução) e ao responder a um teste de preparação (composto pelas mesmas perguntas que podem constar num exame) deparei-me com uma pergunta que julgo que contém um erro de português. A pergunta é muito simples, sobre a condução sob o efeito de álcool, e qualquer pessoa deve conseguir responder, mesmo sem estudar o código. Tenho a certeza de que ela está incorrecta, mas gostaria de ter a confirmação de alguém com autoridade. A questão do teste era a seguinte: A ingestão de bebidas alcoólicas pode provocar no condutor um falso estado de euforia e confiança, o que o leva a: a) Conduzir com maior segurança. b) Necessitar de menos tempo para reagir. c) Sobrevalorizar as suas capacidades e minimizar o risco de acidente. A resposta correcta, segundo o teste, é a terceira. Mas parece-me que, ao completarmos a frase com a terceira opção, estamos a dizer que o álcool, além de levar o condutor a sobrevalorizar as suas capacidades, leva-o a minimizar o risco de acidente; o que, obviamente, é falso. Queria então saber se a resposta c) diz ou não aquilo que quem elaborou a pergunta pretende que diga. Já agora, pergunto também se a resposta a) não poderia estar certa, por implicar que o condutor conduz com maior segurança de si próprio (e não segurança rodoviária).
A coordenativa explicativa vs. subordinativa causal
Verifiquei que formulei mal a pergunta que coloquei anteriormente. As dúvidas são as seguintes: 1. Qual a diferença entre a conjunção coordenativa explicativa pois e a conjunção coordenativa conclusiva pois? 2. Pois pode também ser uma conjunção subordinativa causal? 3. Porque pode ser considerada uma conjunção coordenativa explicativa? Se sim, em que medida é diferente da conjunção subordinativa causal porque? 4. Encontrei uma explicação, segundo a qual a diferença entre uma coordenativa explicativa e uma subordinativa causal estaria no verbo, sendo que, quando este estiver no imperativo, a conjunção será do 1.º tipo (por exemplo: «Fecha a porta, porque faz frio»). Confirmam-no?
Construções com o clítico se
Sempre estudei que a gramática e o bom senso nunca abonaram a construção se (com função de sujeito) e o pronome o e suas flexões a, os e as (objeto direto), por ser contrária à índole da língua portuguesa. Uma questão de concurso público, entretanto, afirmou que a construção «podem ser descritas» equivale à construção «pode-se descrevê-las». Ora, esta última maneira de construir fere precisamente a norma gramatical supramencionada, porquanto o pronome se está claramente exercendo a função de sujeito da locução verbal ou conjugação perifrástica «pode descrever». Conforme tudo o que pude equilibradamente compreender ao longo de mais de vinte anos de dedicação a estudos gramaticais, o modo correto de escrever o equivalente a «podem ser descritas» é «podem-se descrever» ou «podem descrever-se». O torneio «pode-se descrevê-las», além de agredir hediondamente a tradição gramatical e o gênio da língua portuguesa estreme, não me parece nada passivo, uma vez que o se (função francesa) está desempenhando a função de sujeito, o que vai também de encontro à origem do idioma português (o se do latim não exercia a função nominativa). Importa-me saber a vossa opinião a respeito dessas considerações.
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