Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Semântica
Sofia Carvalho Estudante Lisboa, Portugal 369

Agradecia a vossa ajuda na identificação da modalidade da frase: «Mas a grande vantagem do livro e da leitura está na demonstração da imperfeição humana.»

Será modalidade apreciativa ou epistémica com valor de certeza. Porquê?

Muito obrigada.

João Benedito Estudante Portugal 450

«Ela estava à espreita, pela certa, pois abriu-nos a porta antes que batêssemos.»

«Vai chover, na certa.»

Gostaria de saber se existe alguma diferença semântica entre estas duas expressões e se podem ser usadas em qualquer registo da linguagem escrita ou apenas em contextos informais/coloquiais.

Obrigado.

José Luiz Ferreira Reformado Lisboa, Portugal 477

«Assinar de cruz» é aprovar, "assinar" um texto sem o ter percebido ou "lido" – é geralmente fácil de perceber. Mas qual a origem?

Gostaria de confirmar a resposta que um dia a minha formação académica (de que estou há quase 30 anos desligado) me terá dado azo a conhecer.

Antigamente, quando a falta de instrução e o analfabetismo, e/ou o iletrismo, eram uma extensa e triste mancha na nossa sociedade, as pessoas que não sabiam ler ou interpretar um texto (geralmente um documento que lhes respeitava: contrato, declaração...) "assinavam" com uma cruz, depois de o notário, advogado, conservador lhos terem (talvez...) lido e explicado. O que posteriormente, e na atualidade, em idênticas circunstâncias, no próprio documento viria a ser declarado num texto igual ou equivalente ao seguinte (resumido): «... foi lido e explicado à/ao ... que não assinou por não saber...»

Aguardo o favor da vossa resposta.

Obrigado.

Anne Weissmüler Enfermeira Stuttgart, Alemanha 513

Muito obrigada por todo o trabalho que desenvolvem. Sempre que tenho uma dúvida, venho ao vosso site. E isso significa todas as vezes que leio em português [...].

A minha questão é a seguinte: tenho lido a palavra maternagem, juntamente com a palavra maternidade, em textos do Brasil. Percebo,  pelo contexto, a diferença emtre estas duas palavras, mas será que se poderá usar a primeira em Portugal? É aceite ou ainda visto com um "estrangeirismo"? Começa a ser usada? Talvez com o tempo...

Muito obrigada e felicidades.

Yang Yang Estudante Coimbra, Portugal 397

A palavra fogo tem muitos sentidos, um deles exprime espanto, desapontamento, dor, indignação, etc.

Podia ajudar-me criar uma frase ou descrever uma situação sobre este significado?

Obrigada!

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 368

Na frase apresentada, a palavra destacada poderá ser usada?

«O mar é um meio de locomoção para os barcos.»

Obrigado.

Denise Franco de Rezende Médica Petrópolis, Brasil 366

Qual o significado da expressão «ele gosta de ficar tisicando»?

Gabriel Lago Revisor de textos Cascavel, Brasil 460

Primeiramente agradeço o sempre excelente trabalho que vocês desempenham.

Tenho encontrado em Machado de Assis um tipo de construção que me é nova: o uso do pretérito perfeito composto do indicativo em lugar do pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo, especialmente em situações condicionais, hipotéticas. Trago abaixo alguns exemplos do mesmo escritor. A locução de tempo composto vai destacada em maiúsculas:

1) "Um dos oradores do dia 21 observou que se a Inconfidência TEM VENCIDO, os cargos iam para os outros conjurados, não para o alferes. Pois não é muito que, não tendo vencido, a história lhe dê a principal cadeira."

2) "Teve seus minutos de aborrecimento, é verdade; a princípio doeu-me que Ezequiel não fosse realmente meu filho, que me não completasse e continuasse. Se o rapaz TEM SAÍDO à mãe, eu acabava crendo tudo, tanto mais facilmente quando que ele parecia haver-me deixado na véspera evocava a meninice, cenas e palavras, a ida para o colégio..."

3) "De repente, cessando a reflexão, fitou em mim os olhos de ressaca, e perguntou-me se tinha medo. — Medo? — Sim, pergunto se você tem medo. — Medo de quê? — Medo de apanhar, de ser preso, de brigar, de andar, de trabalhar... Não entendi. Se ela me TEM DITO simplesmente: "Vamos embora!" pode ser que eu obedecesse ou não; em todo caso, entenderia."

Onde destaquei, parece dizer-se "tivesse vencido", "tivesse saído", "tivesse dito". Sei que muitos tempos e modos podem assumir o lugar de outros, como "Se eu fora (fosse) rico...", mas é a primeira vez que me deparo com tal possibilidade, e nunca a vi noutro autor.

Tem certa semelhança com o uso corrente do presente do indicativo a substituir o pretérito ou o futuro do subjuntivo: "Se erro a questão, reprovo". Vocês têm conhecimento dessa hipótese de substituição? É prevista em alguma gramática? Acha-se noutros escritores?

Hélder Moreira Professor Portugal 476

Gostaria de saber qual o valor aspetual da expressão «para um leitor que venha acompanhando a obra desde os seus primórdios».

Antecipadamente agradeço a vossa ajuda.

Alexandre Estradas Empregado de balcão Portugal 484

A minha questão diz respeito a esta frase encontrada na página 291, linhas 5 e 6, da tradução portuguesa da obra Dracul, de Dacre Stoker e J.D. Barker, publicada pela TopSeller: «Até há instantes, eu tremia furiosamente, mas conseguira, por fim, acalmar.»

Na frase transcrita, o uso do verbo no pretérito-mais-que-perfeito (conseguira) estará correcto?

Não deveria o verbo tremer ter sido conjugado no pretérito-mais-que-perfeito, e o verbo conseguir no pretérito perfeito, uma vez que aquela ação precede temporalmente esta última?

Obrigado, desde já, pela atenção.