Exónimos: Brazil e Lisbon
Tem algumas localidades de Portugal e de Angola que, passadas ao inglês e ao espanhol, sofrem mudanças... Qual o real motivo de igual coisa nunca poder ocorrer com nomes de lugares do Brasil?
Que eu saiba, nem Brasília muda para 'Brazilia' em inglês e 'Brasilia' em espanhol, mas, claramente, Lisboa fica como Lisbon em inglês! Quais são os critérios e os processos a determinarem esse tipo de diferença?
Obrigado.
O apelido Rosão
Gostava de saber a origem do meu sobrenome (Rosão) encontrando este apenas no Ribatejo, todos oriundos da mesma família.
Fora de Portugal, já vi há dois anos este sobrenome no Brasil, inclusive uma povoação, e no Uruguai
O provérbio «na água turva é que se apanha o bagre»
Vi um vosso comentário sobre «alguns provérbios alusivos à água», quando procurava a explicação para um sobre o mesmo tema que não constava daquela lista.
É ele o seguinte: «Na água turva é que se apanha o "bargue”».
Por mais voltas que desse não encontrei a palavra "bargue".
Antecipadamente muito obrigado pela ajuda.
A pronúncia "a iágua" (regionalismo)
Em Portugal, é geral o evitar-se o hiato «a água» com "a iágua", ou trata-se dum uso dialetal?
Muitíssimo reconhecido ao vosso trabalho!
Fenómenos fonológicos e elaboração da norma-padrão
Agradeço antes de mais o tempo dispendido para avaliar e responder às minhas questões.
Sei que a aférese é uma figura de estilo/linguagem que consiste na queda/retirada de um fonema no início de um vocábulo (ex. ainda – inda) e que ao mesmo tempo existe um outro recurso estilistico, a prótese que consiste no contrário, ou seja, no acrescento de um fonema no incío de uma palavra (ex. levantar – alevantar).
A minha primeira questão é a seguinte: ao depararmo-nos com determinado vocábulo, como sabemos se se trata de uma prótese ou de uma aférese?
Por ex.: arrebentou e rebentou.
Pelo que entendo, antes de escolhermos a figura de estilo apropriada, temos de decidir qual a palavra de origem, é isso? Mas isso nem sempre me parece evidente... Por exemplo há três ou quatro gerações (e ainda em várias zonas do norte de Portugal, por exemplo) ainda se diz arrebentou ou inda. No primeiro caso, trata-se de uma prótese porque partimos de rebentou, e no segundo, de aférese, porque temos em conta que a palavra "correta" é ainda – ou esse raciocínio é demasiado frágil?
Além disso, torna-se difícil de decidir quem fala/escreve bem ou menos bem. Tenho a ideia de que a lingua, sendo um produto social, mesmo com esquematizações e normas lexicais/sintáticas/etc. constitui um fenómeno humano muito dinâmico e permeável ao meio envolvente, o que dificulta essa mesma sistematização do bem falar/escrever.
No que nos podemos basear para essa questão das figuras de estilo? Na maioria dos falantes? Do país/zona de origem de quem proferiu/escreveu determinado vocábulo/frase?
Muito obrigado pela ajuda.
Consoantes dobradas, duplas ou geminadas
O que significa «consoantes geminadas» ou «duplas»? Será que pode dar-se como exemplo o nome arábe Muhammad, porque na língua árabe temos algo que se chama xaddah, que representa duas consoantes através de um símbolo?
É que não sei se no português digo "geminado" ou se temos uma outra designação.
Obrigado.
A palavra hotomote num samba de Clementina de Jesus
É muito comum encontrarmos palavras estranhas nas músicas, especialmente influenciadas pelo regionalismo, mas também por explicações simples e muitas vezes cômicas.
Gostaria de conhecer a explicação para a palavra "hotomote" na música A tua sina de Clementina de Jesus (1901-1987):
«Lá no morro de São Carlos"existe" dois hotomotesde perto conhece os fracosde longe conhece os fortes.»
Obrigado.
A pronúncia do e átono em Portugal
Gostaria de saber como é que a pronúncia do "e" átono, que era pronunciado como "i", passou a ser pronunciado como /ɨ/.
Também gostaria de saber se esse é um fenómeno que ocorre com todos os is átonos, e não somente os que derivam dum "e" átono.
Em galego-português, ou até mesmo no período pré-clássico, o "e" átono era registrado, na escrita, como um "i", devido a harmonização vocálica, processo que ainda acontece no Brasil, como é possível observar em palavras como "pepino" antes também escrita como "pipino", e até mesmo quando eram nasais, como em "mentir" (mintir), "mentira" (mintira), "ensinar" (insinar), que aparecem escritas assim até em Os Lusíadas.
Sempre me pergunto como é que uma mudança tão grande como essa foi "desfeita", e o "e" que tinha passado para um "i" é agora um "ɨ", e no caso das nasais, voltou a ser pronunciado como "e".
A pronúncia da sequência ti no português europeu
Gostava de saber se existe algum estudo acerca da pronúncia da sequência "ti" (contigo, sítio, tirar) no Português Europeu (PE).
Tendo o russo como língua materna (em que o referido fenómeno da palatalização de quase todas as consoantes é muito frequente e fonologicamente obrigatório), percebo estes sons como ou bem palatalizados – [kõⁿ.'tʲi.gu] –, palatais – [kõⁿ.'ci.gu] – ou até aspirados – [kõⁿ.'tʰi.gu].
A diferença é ainda mais notória se comparados com as respectivas realizações fonéticas do cognato espanhol contigo em que o referido efeito acústico nunca (?) ocorre.
Estaria muito agradecido se me pudessem indicar se este fenómeno fonético existe em PE e, se possível, alguma refêrencia bibliográfica que trate do mesmo.
Obrigado pela atenção!
A sonorização das consoantes surdas do latim
Há a possibilidade de, na evolução de totu- para todo, aceitar a dissimilação como hipótese de processo fonológico? Ou apenas a sonorização é válida?
Obrigada.