A análise sintáctica de tudo em «(...) porque a terra e o mar tudo era mar»
Antes de mais, bem haja pelo serviço que prestam! Sendo professor de Língua Portuguesa no Colégio Internato dos Carvalhos e face à disparidade de respostas dos discentes, gostaria de confirmar a função sintáctica de constuinte frásico na oração «(...) porque a terra e o mar tudo era mar.» (Vieira, António. "Sermão de Santo António aos Peixes", cap. II). 1.º "tudo", pronome indefinido, englobando «a terra e o mar» – sujeito – , funciona igualmente como sujeito e não como atributo do sujeito (?), falando-se, pois, de sujeito composto; 2. º "Tudo" não se liga ao predicativo do sujeito "mar", não havendo anástrofe, pelo que a oração não poderia ser "porque a terra e o mar era(m) tudo mar"(?).
A sintaxe do verbo deixar
Na frase «Este barulho não me deixa dormir», estamos na presença de uma conjugação perifrástica? Como se faz a análise sintáctica da mesma frase? Obrigada.
A função sintáctica do pronome relativo numa construção clivada
Na frase «Fui eu quem reparou a avaria», qual a função sintáctica de «quem»?
Sobre bibliografia indicada para a nova terminologia
Edite Prada, na resposta de 22/09/2005, afirma que «subordinadas substantivas são as frases que têm função de complemento directo de outras». Ora também o são as que têm função de sujeito e de predicativo do sujeito. Ou não? Por outro lado, recomenda a consulta da obra Saber Português hoje: Gramática Pedagógica da Língua Portuguesa. Ora esta gramática, em certos aspectos, não segue a Nova Terminologia, continuando, por exemplo, com a designação de «complementos circunstanciais». Para além disso, na página 123, distingue atributo de aposto, designando este último como modificador nominal? Depois, explica que o atributo, além de modificador restritivo, pode ser modificador apositivo, se especifica o significado do nome, como no exemplo: «O vestido que trazias ontem, verde e azul, fica-te bem.» A minha questão é: neste caso, os adjectivos não são apostos? E o atributo não é também um modificador nominal?
Ainda a semântica do complemento de convocar
É vulgar falar-se em "convocar eleições" ou "convocar greves". Sendo convocar o mesmo que chamar, não se deveria antes dizer "convocar os cidadãos às eleições" ou "convocar os trabalhadores às greves"?
O uso adjectival dos particípios passados
Começo com a primeira pergunta: "bom-dia" deve usar-se com hífen ou sem? E "boa-tarde"? E "boa-noite" Tenho visto escrito de ambas as formas e confesso que já estou bastante baralhada, embora tenha aprendido a usar sempre com hífen.
A minha segunda pergunta prende-se com o verbo estar:«A porta está aberta»; «O exercício já está feito» ; «O livro ainda não está revisto» etc, etc. Considera-se "aberto/a"; "feito/a" ; "revisto/a" com este verbo um adjectivo ou um particípio passado?
Grata pela vossa resposta.
Um caso de oração intercalada
Gostaria de colocar-lhes, hoje, duas questões de sintaxe sobre as quais agradecia o vosso sempre apreciado e autorizado comentário. A primeira relaciona-se com a classificação das orações na frase de abertura do "Sermão de Santo António aos peixes" do inimitável padre António Vieira: «Vós, diz Cristo Senhor Nosso, falando aos pregadores, sois o sal da terra:» Afiguram-se-me as seguintes hipóteses de classificação: Hipótese 1 1.ª oração: «Vós. sois o sal da terra», oração subordinante; 2.ª oração: «diz Cristo Senhor Nosso», oração subordinada explicativa (justificada por estar entre vírgulas); 3.ª oração, «falando aos pregadores", oração subordinada gerundiva (temporal). Hipótese 2 1.ª oração: «Vós sois o sal da terra», oração substantiva subordinada conjuncional integrante (subentendendo-se a conjunção integrante “que”, pedida pela forma verbal “diz”, verbo declarativo; 2.ª oração: «diz Cristo Senhor Nosso», oração subordinante; 3.ª oração: como no primeiro caso, subordinada gerundiva, com valor temporal. Hipótese 3 Considerar a parte de frase «diz Cristo Senhor Nosso, falando aos pregadores» como a frase introdutória do discurso da personagem (por conter uma expressão declarativa «diz Cristo Senhor Nosso» e «Vós sois o sal da terra» como discurso directo (da personagem, Cristo Senhor Nosso). Assim, na primeira frase teríamos que a primeira oração seria a subordinante, a segunda, subordinada gerundiva de valor temporal e «Vós sois o sal da terra», uma oração substantiva com o valor de complemento directo do verbo dizer. [...]
Novamente o pronome se
Recentemente encontrei uma frase assim: «É neste contexto que se percebe as dificuldades encontradas naqueles tempos.» Estará esta frase bem construída ou dever-se-á utilizar «se percebem» em vez de «se percebe»? Obrigado.
As formas mesoclíticas dos pronomes pessoais complementos
Relativamente à conjugação pronominal, gostaria de saber se existe alguma regra que explique a razão pela qual, no futuro e condicional, o pronome, em vez de se colocar no final, se coloca no meio da forma verbal? Agradeço a disponibilidade.
A concordância verbal com demonstrativos
Gostaria de ter sua opinião sobre a correção que fiz nestas duas frases de uma crônica que estou revisando: 1) «Waldir Luz, um verdadeiro herói que deixa naqueles que o "conhecemos"a crença de que ainda vale a pena acreditar na humanidade.»Não concordei com o emprego do tempo verbal "conhecemos" nesta frase. No meu ponto de vista deveria ser "conheceram".2) Ele lecionava, atendia com solicitude aos que lhe "fazíamos" consultas sobre vários assuntos...»O mesmo caso. Para mim, "fazíamos" está empregado errado; deveria ser "faziam". Estarei certa ou se trata de concordância ideológica, o que não aceito sem ter uma boa explicação que me convença.Desde já, fico-lhe muito grata.