Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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José Anacleto Ambrósio Dire{#c|}tor no ensino cooperativo Guarda, Portugal 5K

O meu amigo Pedro Costa Ferreira enviou-vos uma série de questões relacionadas com o Acordo Ortográfico de 1990 (AO1990). As vossas respostas têm servido diversas vezes para esclarecer pontos em que discordávamos.

No entanto, algumas (uma minoria) das vossas respostas recentes deixaram a desejar...

Ahn. Em em relação a uma pergunta sobre a palavra ahn contida no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras (ABL), V/ afirmaram que: «A ABL é soberana na adopção das variantes adequadas à sua comunidade linguística.» Ora, a ABL não é soberana coisa alguma. A ABL é legalmente obrigada a respeitar as leis brasileiras, e o AO1990 é atualmente lei brasileira. A ABL talvez (é mesmo só talvez) tenha autoridade para interpretar o AO1990 no Brasil, mas não tem autoridade para o desrespeitar. O vocábulo ahn claramente desrespeita o AO1990. Talvez desrespeitasse também regras anteriores ao AO1990, mas não é essa a questão em disputa.

Sernachense. Na mesma pergunta V/ responderam que «a forma "sernachense" não [é] aceite em português europeu». Errado. Errado porque o AO1990 e AO1945 aceitam grafias arcaicas de firmas, nomes e designações comerciais em determinadas situações. A grafia de Grupo Desportivo Vitória de Sernache é portanto correta, ainda que o topónimo seja Cernache. Logo os adeptos do dito clube são "sernachenses", ainda que passem a ser cernachenses quando sejam habitantes de Cernache.

Côa. Aqui afirma-se que «Não há nada no novo AO que recuse o acento em Côa». A bem dizer, nada há de novo que estabeleça esse acento. Porque o AO1990 simplesmente estabelece regras; não indica as regras ortográficas precedentes que são alteradas. Não havendo — na vossa opinião — regra alguma no AO1990 que sugira haver acento em coa, tal acento não deve ser utilizado. Mas essa v/ resposta contém mais erros. Primeiro porque o AO indica efetivamente que «prescinde-se de acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas, mas heterofónicas...». Claro que isto também se aplica a coa. Além disso, o encarte de correções que a ABL fez circular após a publicação do VOLP indica explicitamente que se escreve coa e não mais côa.

A vossa resposta parece também sugerir que o texto do AO não se esclarece o que fazer com pera/pêra, pêro/pero, «não obstante também NÃO figurarem [...] no texto do novo AO». Novo erro. Parece que estes casos estão cobertos pelo texto do AO1990 quando este afirma: «Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respetivamente vogal tónica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas» e «prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas homógrafas heterofónicas».

Gratos pelo vosso trabalho. É o respeito que tenho pela vossa atividade que me leva a salientar estas imprecisões. Se for eu a estar errado, os vossos esclarecimentos são bem-vindos.

Maria Lousa Professora Amadora, Portugal 7K

Depois de uma conversa entre amigos, a dúvida surgiu: como se denominam os naturais do País Basco? Ou será do País Vasco? Será correcto dizer «Os Vascos ou Vascões são naturais do País Vasco»? Ou «Os Bascos são naturais do País Basco»? Ou é indiferente?

A questão está no nome dado a essa região de Espanha e aos seus habitantes.

Muito obrigada.

Ney de Castro Mesquita Sobrinho Vendedor Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil 6K

Qual a origem dos sufixos "-aio", "-garo", "-aco", "-eco", que ocorrem, respectivamente, em gentílicos como malaio, biscaio, paraguaio, uruguaio, búlgaro, húngaro, austríaco, eslovaco, polaco, valaco, checo, sueco, etc.?

Muito obrigado.

Teresa Alves Professora Lisboa, Portugal 10K

O nome turma tem aumentativo?

Os nomes colectivos têm aumentativo?

Isabel Aveiro Jornalista Lisboa, Portugal 8K

Gostaria de saber, por razões profissionais, como se chama uma pessoa que nasceu em Ranholas. Tentei descobrir através de uma pesquisa na Internet, mas não consegui. Será que me podiam ajudar? Não é uma brincadeira, é mesmo a sério.

Muito obrigado.

Hugo Nicolau Engenheiro Mem Martins, Portugal 6K

Qual o nome de um natural de Mem Martins? E do Algueirão?

Rafael Gaspar Estudante Leiria, Portugal 21K

Qual o nome que se dá às pessoas que vivem em Conímbriga e em Coimbra?

Por exemplo: na América chamam-se Americanos.

Miguel Torres Engenheiro civil Porto, Portugal 3K

Existem várias freguesias no país chamadas . Qual é o seu gentílico?

Vera Lúcia Casanova Queiroga Menezes Alves Demmler Tradutora Copenhaga, Dinamarca 2K

Gostaria de saber como se chamam os nativos de Port Elizabeth. Tal como os nativos de Lisboa se podem chamar alfacinhas, olisiponenses, lisboninos, lisbonenses, lisboetas, lisboneses, lisboeses, de certeza que os nativos de Port Elizabeth, na África do Sul, também terão o seu nome topónimo.

Muito obrigada pela vossa rápida resposta.

Ivo Sousa Engenheiro Pico (Açores), Portugal 12K

Sou natural da ilha do Pico, nos Açores, e sempre me ensinaram que eu sou "picoense" ou "picaroto".

A corroborar esta ideia existem na ilha do Pico diversas entidades que utilizam o gentílico "picoense", tais como: «Panificadora Picoense», «Farmácia Picoense», «Electrificadora Picoense», etc. Também a comunicação social local refere sempre os naturais da ilha como "picoenses" (a grande maioria das vezes) ou "picarotos" (apenas algumas vezes).

No entanto, ao consultar o dicionário (Porto Editora) descobri que o único gentílico lá indicado era "picuense", que confesso que nunca tinha lido em mais nenhum lugar.

A minha dúvida é saber quais são os gentílicos correctos.

Muito obrigado e continuação de bom trabalho.