DÚVIDAS

O uso do conjuntivo
O prezado José Neves Henriques escreveu: "Sabemos que o indicativo é o modo verbal que nos apresenta os factos verdadeiros, reais ou tidos como tal. E que o conjuntivo (ou subjuntivo no Brasil) é o modo que nos apresenta os factos incertos e os não reais." Tenho cá esta pergunta: Se esta é a explicação do conjuntivo / subjuntivo, porque é que usamos este modo em casos como o seguinte: "É pena que eu não saiba falar chino." Porque eu não sei falar chino – é um fa[c]to certo e real. Existem casos nos quais o conjuntivo / subjuntivo é usado para casos certos e reais? Obrigado.
Concordância dos tempos passados no conjuntivo
Na resposta de 15/11/99, "Pretérito perfeito composto do conjuntivo em orações", J.N.H. me explicou nitidamente a sequência de tempos passados nos exemplos que apresentei. Agora entendo que em frases com duas orações, com o verbo principal (verbo 1) em pretérito perfeito simples e com o verbo da oração subordinada (verbo 2) em tempo passado, o verbo 2 vai no pretérito imperfeito do conjuntivo em muitos exemplos. Seguindo este padrão, eu posso dizer: 1a. Foi bom que ele saísse daqui. Eu concordo com J.N.H. que a seguinte frase, já apresentada, é incorreta: 2. *Eu não achei que José tenha bebido todo o vinho da garrafa. A minha dúvida agora é que D. P. Cegalla, na "Novíssima Gramática da Língua Portuguesa", 34.ª edição, p. 489, apresenta este exemplo: 1b. Foi bom que ele tenha saído daqui. Por que o exemplo 1b é aceitável e o exemplo 2 não o é? Será que o pretérito perfeito composto do conjuntivo é aceitável porque anuncia um facto passado tido como concluído? No exemplo 2, o verbo principal, "não achar", não é um verbo que expressa sentimento. Já no exemplo 1b, o verbo principal é de sentimento ("ser bom"). Será que esta diferença tem importância na sequência de tempos?
Ela prefere-me a ti
A dúvida é esta - com o verbo preferir, no sentido de querer antes, qual o pronome pessoal, referente a primeira pessoa do singular, que deveria ser utilizado e de que forma, em frases como as que a seguir lhes apresento: Ela prefere "a mim" a ti. Ela prefere "mim" a ti. Ela prefere "eu" a ti. Ela "me" prefere a ti. Ela prefere-"me" a ti.  Estas frases poderiam estar no seguinte contexto: estou conversando com alguém e quero informar a esta pessoa que, entre nós dois, é a mim que uma certa mulher quer mais. Analisando essas possíveis frases, pensei o seguinte: A frase "1" não caberia, porque teríamos duas preposições "a", em desacordo com a regência do verbo preferir. A "2" apresenta o pronome "mim" sem estar antecedido por uma preposição, de forma que também não seria aceitável. A "3" teria o pronome "eu" na função de objeto direto, o que também não seria possível. A "4" parece-me, gramaticalmente, a melhor; apesar de me soar meio estranho e até de uma certa forma ambígüa: o "me" poderia ser um pronome de interesse (interesse meu no fato que informo) e, então, a pessoa preferida indicada pela frase já não seria eu, mas sim meu interlocutor. A "5", uma variante da "4", teria também o inconveniente de uma má colocação do pronome "me", tendo em vista que o pronome "ela", segundo me consta, obrigaria a próclise. Assim sendo, acredito que somente a frase "4" seria correta, ainda que ambígüa. Por favor, corrijam-me se estiver errado. Talvez não seja possível, com estes pronomes pessoais, construir, da forma como pretendo (preferir alguém a outrem), uma frase que seja clara, e devesse, então, optar por outras alternativas. Agradeço-lhes qualquer ajuda que leve um pouco de luz a esta confusão que estou fazendo.
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