DÚVIDAS

Deícticos pessoais
Pelo que tenho consultado, a deixis pessoal inclui (entre outros) os pronomes pessoais de primeira e segunda pessoas, pois são marcas que identificam o sujeito da enunciação e o(s) interlocutor(es), deixando de fora a terceira pessoa, visto ser considerada uma "não-pessoa". No entanto, em alguns casos ficam-me algumas (ou muitas) dúvidas. Por exemplo, imaginemos uma conversa em que participam três pessoas e uma delas diz: «— Amanhã, eu, tu e ela vamos ao cinema.» Não será o pronome ela também um deíctico pessoal (tal como eu e tu), já que faz parte de um sujeito composto (equivalente a nós) e, para além disso, aponta para alguém que também participa no acto de fala? Ou ainda outra situação hipotética: perante a questão «— Quem é a Joana?», o interlocutor responde «— É ela» (acompanhando a resposta com um movimento de cabeça ou apontando...). Nesta situação, o pronome pessoal ela não será um deíctico com um valor demonstrativo? Agradeço a atenção.
O uso de vós, novamente
Gostaria de saber a opinião de peritos sobre a seguinte questão:É correcto dizer, quando referido a um grupo (o mesmo grau de formalidade nos dois casos; amigos íntimos, por exemplo):«Vós quereis...»«Vós ides...»«Vós tendes...»ou «Vocês querem...»«Vocês vão...»«Vocês têm...»Tenho para mim que a segunda opção (o tratamento por você/vocês e utilização da terceira pessoa do plural) e o desaparecimento da segunda pessoa do plural (esta é ainda, mas ironicamente, ensinada na escola básica) é uma corruptela da língua induzida pela influência brasileira. Terei razão?Podemos ter o caso anedótico de uma professora ensinar «Nós comemos, Vós comeis, Eles comem» e rematar com «Perceberam?» em vez de «Percebestes?»?Obrigado.
O uso dos pronomes interrogativos que ou qual
Eu gostaria de saber se existe alguma regra gramatical que determina o uso dos pronomes interrogativos que ou qual. A explicação das gramáticas normativas não estabelece a diferença entre quando se deve usar que e quando se deve usar qual. Será que nós usamos um ou outro de forma idiomática? Ou existe uma construção gramatical implícita quando se usa cada um destes pronomes? Muito obrigado.
A forma de tratamento ajustada a Deus
Agradeço antecipadamente a vossa colaboração. Indo ao ponto, gostaria que me dessem alguma informação sobre a forma de tratamento ajustada a Deus. Quando nos dirigimos a Ele, que forma de tratamento utilizar? Questiono-vos por ter notado em alguns livros religiosos uma "salada russa descomunal" como podem verificar nestas duas passagens que vos envio: «... o Seu rebanho...», «... no Teu trono...»
Ainda «Meu nome inicia-se com P»
Volto à frase «Meu nome inicia-se com P» para fazer um breve comentário. O verbo iniciar-se, com o sentido de «ter início», só é empregado na terceira pessoa (singular ou plural). Os contra-exemplos apresentados pela Professora trazem esse verbo em acepção diferente. Se o se causa problema gramatical, considerado como pronome apassivador, a situação não é menos desconfortável quando é considerado pronome reflexo. Parece-me que a melhor identificação do se é como parte integrante do verbo. Foi essa a análise que obtive da Academia Brasileira de Letras. Cordialmente,
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