Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: verbo
Maria Pinto Professora Coimbra, Portugal 33K

Antes de mais, o grande agradecimento ao site – um tira-teimas de que me socorro muitas vezes – e os parabéns!

Agradeço esclarecimento sobre a regência do verbo alertar e do verbo avisar com oração completiva (a verdadeira dificuldade das regências):

1) «Eu avisei [alguém] de que/que chegaria tarde.»

2) «Os media alertaram [os idosos] para que/que/de que devem ficar em casa devido à vaga de calor.»

Fátima Norte Professora de Língua Portuguesa Leiria, Portugal 5K

«Eles tornaram-se inseparáveis.»

Na frase acima, posso considerar inseparáveis predicativo do sujeito?

Se assim for, o predicado será verbo-nominal, como de resto defendem Celso Cunha e Lindley Cintra?

Manuel Cordeiro Gestor Lisboa, Portugal 4K

Pelo que vejo no vosso artigo, a regra é usar sempre que nos referimos a períodos temporais, mas a dúvida que eu tenho prende-se com a seguinte fase:

«O carro fez a revisão à 5000 km», ou «O carro fez a revisão há 5000 km»?

Uma vez que km não são uma medida de tempo/período, mas ao mesmo tempo utilizo a unidade km para dizer que algo foi feito no passado.

Karina Patrício Tradutora Belo Horizonte, Brasil 3K

É lícita no idioma vernáculo a construção a + infinitivo em expressões como «assuntos a tratar» ou «conteúdo a publicar»?

Heitor Matos Engenheiro Setúbal, Portugal 5K

O ato de oficializar designa-se oficialização. O ato de oficiar designa-se como?

Ruth Sá Professora Porto, Portugal 12K

Sou professora de português e, constantemente, ouço gente a dizer: «Na minha opinião, acho que...» Isto já aconteceu até com um ex-primeiro-ministro português. Parece-me que são dois enunciados fundidos em um. Será correto, ou não? Um aluno já foi expulso da sala de aula por ter dito ao professor que não se pode enunciar uma opinião com as duas expressões.

Obrigada.

Ruildino José Estudante Cabo Delegado, Moçambique 9K

Gostaria de saber se é gramaticalmente correto dizer: «havia havido», pois tenho ouvido demais por aí e isso cria em mim um ruído...

José Luiz Aléo Revisor São Paulo, Brasil 7K

Tenho percebido que, ao menos no português brasileiro, as orações subordinadas adverbiais finais introduzidas pela preposição para permitem a supressão dessa preposição quando o verbo ir é o verbo principal (não auxiliar) da oração principal ao mesmo tempo que ambas as orações compartilham o mesmo sujeito. Portanto:

«Eu vou para casa para dormir.»/«Eu vou para casa dormir.»

«Ele vai cantar para deixá-la feliz.»/*«Ele vai cantar deixá-la feliz.»

«João vai ao Rio para ver Maria.»/«João vai ao Rio ver Maria.»

«João vai ao Rio para Maria vê-lo.»/*«João vai ao Rio Maria vê-lo.»

Minha dúvida é se tal fenômeno ocorre no português europeu e se essa é uma construção da norma culta.

João David Silva Bibliotecário Lisboa, Portugal 2K

A frase «Há quem leu e não gostou» está correcta?

Não deveria ser «Há quem tenha lido e não gostou»?

Álvaro Faria Ator Lisboa, Portugal 5K

É o pão nosso de cada dia ouvir e ler frases do género «Manuel foi um dos que arranjou emprego». Como o Manuel foi um dos vários a quem isso aconteceu, penso que a única maneira correcta de dizer/escrever a frase será: «Manuel foi um dos que arranjaram emprego.»

Mas será que estou enganado e a primeira forma é aceitável? A dúvida põe-se-me por já ter deparado com concordâncias desse tipo na prosa de excelentes escritores. Até José Carlos de Vasconcelos, no livro Conversas com Saramago (p. 21), põe na boca do nosso Prémio Nobel o seguinte: «(...) um dos [sonhos] que acabou por não se concretizar foi» (etc.). Ora, neste caso, a concordância em questão não só foi utilizada por Saramago (de forma oral, de modo que, a existir erro, é perfeitamente desculpável), como «aprovada» por Vasconcelos, na passagem a escrito da entrevista.

Como sempre, fico antecipadamente grato pela vossa resposta.