Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: verbo
Maria Amorim Revisora Porto, Portugal 5K

Pedia que me elucidassem sobre a seguinte questão: a frase «Kant substituiu à razão estática uma razão dinâmica» é válida? Ou deverá ficar: «Kant substituiu a razão estática por uma razão dinâmica»?

Grazia Maria Quagliara Revisora Campinas, Brasil 7K

«Corre-se riscos.»

«Correm-se riscos.»

«Riscos são corridos»?

Ou «correr risco» é estar exposto a perigo, a risco, e portanto não é o risco que corre ou que é corrido — a pessoa é que fica exposta ao risco, que corre o risco. Nesse caso, o correto seria «corre-se riscos»!

Maria Amelia Catatino prof 3º ciclo Portimão, Portugal 329K

Alguns manuais do 7.º ano incluem, e com sentido, os verbos tornar-se e revelar-se como copulativos, deixando a indicação de que há mais.

Peço uma pequena lista de mais alguns verbos copulativos a acrescentar aos já conhecidos.

Pablo Ferreira Médico Goiânia, Brasil 4K

Mais uma vez os parabenizo pela riqueza que é esse site.

Segundo a gramática normativa, verbos dicendi são aqueles que aparecem nos discursos diretos e têm a função declarativa (ou «sensitiva», segundo alguns linguistas). Os dicendi tradicionais são transitivos diretos como dizer, afirmar, exclamar, perguntar, responder, redarguir.

Porém, encontramos na literatura brasileira verbos intransitivos e transitivos indiretos atuando como dicendi. Exemplos retirados de Dom Casmurro, de Machado de Assis:

«– Tem razão, Capitu – concordou o agregado» (página 160).

«– Mas eu tinha pedido primeiro – aventurou Pádua» (página 44).

«– Coitado de Manduca! – soluçava a mãe» (página 122).

E, por último, a que mais me impressionou:

«Depois de lhe responder que sim, emendei-me: – Deus fará o que o senhor quiser» (página 41).

Gozam os autores do direito de «licença poética», sabemos bem. Mas existe algum padrão do que é certo ou errado nesses casos?

Ermelindo Giglio Antropólogo Somain, França 4K

«Vou tentar informar-me e talvez nos encontraremos num desses campos em Agosto. Seria ótimo, não achas? Havíamos de convencer os nossos pais.»

Está correto o uso do pretérito imperfeito do verbo haver neste trecho de um correio?

Victor V. Estudante Curitiba, Brasil 7K

Uma dúvida sobre mesóclise: como fazer quando há dois pronomes átonos? Por exemplo, quero dizer que nós poderíamos declarar tal fato uma calamidade. Devo dizer «poder-se-a-ia declarar», «podê-la-se-ia» talvez?

Maria M. Professora Caldas da Rainha, Portugal 17K

Gostaria que me esclarecessem uma dúvida: o modo condicional tem tempos?

Encontrei em gramáticas antigas e recentes o seguinte: o modo condicional simples e composto flexionado sem referência a tempos; o modo condicional com o tempo do presente simples e o presente composto e o modo condicional com o tempo do presente simples e o pretérito perfeito composto.

Confesso que me sinto intrigada. Já tentei encontrar resposta no Dicionário Terminológico, mas não a encontrei.

Maria Teresa Afonso Professora Setúbal, Portugal 10K

Ao resolver um exercício sobre o poema de Ricardo Reis Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio, deparei-me com a seguinte questão:

«No primeiro verso da segunda estrofe, a forma verbal pensemos encontra-se no:

– presente do indicativo

– presente do conjuntivo

– pretérito imperfeito do conjuntivo.»

A dúvida reside no facto de me parecer que estas formas verbais estão no imperativo e não no presente do conjuntivo, como indica a solução (nem há hipótese para o imperativo). Penso que poderá tratar-se de um lapso, por isso, gostaria de confirmar.

Manuela Bailão Funcionária internacional Genebra, Suíça 4K

Uma dúvida para a qual não consigo encontrar reposta adequada: o verbo amar utiliza-se para pessoas e para coisas?! E também para situações?! Tenho visto ultimamente escrito «amei este quadro», «amei esta viagem», «amo poesia», e isto perturba-me.

João de Brito Professor Vila Real, Portugal 6K

Leciono o 2.º ciclo e vamos entrar nas funções sintáticas. Há novo programa e um exame nacional no fim do ciclo. E há um grande problema de consciência para mim. Passo a explicar.

Por decreto, o DT impõe que os verbos constantes de uma determinada lista implicam sempre um nome predicativo do sujeito. Ora, isto ofende aquele princípio básico e indiscutível que obriga a tratar diferentemente o que é diferente. E a diferença, neste caso, não está nesse grupo de verbos, mas na natureza do referido predicativo – incide diretamente no sujeito e com ele coincide, considerando-o como um todo. Ex.: «Ele está doente.» Ora, isto é bastante diferente de «Ele está em casa». Aqui, a expressão «em casa» não incide diretamente no sujeito e muito menos coincide (se identifica) com ele. Este verbo (predicador) não é copulativo, mas incorpora aquela expressão, primeiro, e só depois realiza a predicação. Ou seja, aquela expressão é predicativo do predicador e não do sujeito.

Nota: Uso aqui a nomenclatura tradicional, porque, em rigor, todo o predicado e o predicado todo são predicativo do sujeito...

Estando disto convencido até prova em contrário, como posso eu, que, antes do português, promovo a lealdade na relação com os alunos, dar-lhes coelho por lebre?!