Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: advérbio
José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 636

Na frase «Ele tinha o cabelo incrivelmente crespo», a que subclasse pertence o advérbio incrivelmente?

Será um advérbio de modo?

Cordialmente.

Bernardo Monteiro Estudante Porto, Portugal 1K

A estrutura «o que implica não só ouvi-la» está correta, ou tem de ser «o que implica não só a ouvir»? Porquê?

Não entendo o porquê, especialmente porque estamos perante os vocábulos não e , que, teoricamente, exigem a posição proclítica.

Agradecido.

Geobson Freitas Silveira Agente público Bela Cruz, Brasil 806

Tenho percebido que o uso do vocábulo se assemelha a valores semânticos umas vezes próximos de adversativos, outras vezes talvez a condicionais como nos exemplos abaixo :

«Divirta-se bastante nestas festas juninas, faça de tudo, só não solte balão.» (não estaria exercendo o papel da conjunção mas ou então da conjunção condicional contanto que?)

«Todos quiseram o lanche. Só você [é] que não.» (não estaria neste caso exercendo o papel da preposição exceto?)

«Foi só terminar a aula, que o garoto começou a brigar com os colegas.» (não estaria neste caso exercendo o papel de uma conjunção temporal?)

Cristiano Honório . Portugal 837

«Apesar de ter muito dinheiro, é muito avarento.»

«Ainda tendo muito dinheiro, é muito avarento.»

Estas duas frases têm significados semelhantes? A estrutura ainda+gerúndio é concessiva?

Muito obrigado.

Diogo Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 1K

Devemos escrever «experiências de quase-morte» ou «experiências de quase morte»?

Haverá algum motivo razoável para o hífen que me esteja a passar ao lado?

(Aproveito para vos agradecer: nunca me cansarei de vos agradecer pelo trabalho de esclarecimento e ajuda que prestam aos leitores e escritores em língua portuguesa.)

Vicente de Paula da Silva Martins Professor Universitário Sobral, Brasil 1K

Ao ler matéria em revista de grande circulação, deparei com a palavra , mas fiquei com muita dúvida quanto ao seu sentido e sua classificação, morfológica ou gramatical neste contexto:

«Durante a entrevista à imprensa, ao lado de outros ministros, como Eduardo Pazuello (Saúde) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Bolsonaro se irritou com a pergunta de um jornalista sobre como ele havia recebido a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na terça-feira, 23, que anulou as quebras de sigilo bancários envolvendo o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no processo que investiga a prática de rachadinha (desvio de verba de servidores do gabinete) quando ele era deputado estadual. Bolsonaro, mostrando-se bastante irritado, encerrou o evento. “Acabou a entrevista aí”, disse, deixando o recinto junto os ministros e outras autoridades que o acompanhavam na visita» (Camila Nascimento, Política,Veja, 24/02/2021).

Maria Duarte Explicadora Lisboa, Portugal 1K

Desde já, muito obrigada pelo vosso serviço.

Em "Sempre [que saio], o carro avaria-se." e "Felizmente [que ela chegou a tempo].", como se classificam as orações destacadas? (parecem completivas, mas estas só completam verbos, nomes ou adjetivos...

Bem hajam!

Pedro José Ferreira Machado e Silva Engenheiro de Petróleo Rio De Janeiro, Brasil 942

No período a seguir, fiquei com uma dúvida atroz, «Todos foram à festa, inclusive eu.»

«Inclusive eu» será uma oração assindética com o verbo elidido? Se «inclusive eu» fosse parte do sujeito composto, deslocado, o verbo não deveria estar na 1.ª pessoa do plural? «Todos fomos a festa, inclusive eu.»

Nesse caso, o termo «inclusive eu» não será um pleonasmo de vício [de linguagem], visto que a desinência verbal já denotaria que o locutor também fora à festa? Portanto, minha escolha seriam duas orações, a segunda com o verbo elidido: «Todos foram à festa, inclusive eu (fui).»

Grato.

José Rafael Nascimento Professor São Facundo, Abrantes, Portugal 964

Usa-se correntemente a expressão «imagino o que não...» (terá dito, terá custado, etc.)

Gostava de saber qual é a lógica desta expressão, pois o mais correcto parece ser «imagino o que...».

 

O consulente segue a norma ortográfica de 45.

Antonio Lima Professor Bonito-PA, Brasil 1K

A respeito da origem da nasalidade em mui/muito, José Joaquim Nunes, no seu Compêndio de Gramática Histórica (1975[1911]), afirma o seguinte:

«embora MUI e MUITO sejam formas clássicas, nas cantigas 38 e 453 do Cancioneiro da Ajuda [séc.XIII], aparecem já nasaladas, como mostram as grafias MUYN e MUINTO donde se conclui não se moderna na língua a nasalização(...).»

Já o gramático Said Ali, na sua Gramática Histórica da Língua Portuguesa (1964[1931]), pensa diferente:

«No extraordinariamente usado MUITO , foi tão tardia a mudança, que o cantor d'Os Lusíadas [séc. XVI] ainda podia dar-lhe para rima FRUITO e ENXUITO. Não se sabe a data da alteração definitiva, porque em MUITO e MUI nunca se assinalou – caso único – a vogal nasal pela escrita. Que em português antigo se pronunciava a tônica como U puro e fora de dúvida, porque, em caso contrário, não lhe faltaria o til, sinal tão profusamente usado naquela época.»

1) O Cancioneiro da Ajuda é do séc.XIII, e Os Lusíadas do séc. XVI, qual dos estudiosos está certo ?

2) Há atualmente consenso entre os estudiosos a respeito de um período específico sobre o começo da nasalidade em mui e muito?

Grato pela resposta.