Transcrevemos a definição da Infopédia, que é adequada: «ena [...] interjeição [que] exprime alegria, surpresa ou admiração». O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa considera-a próxima das interjeições ui! e eia!; com esta última também a identifica o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), que menciona, além disso, caramba como outra interjeição sinónima. São exemplos do uso de ena as seguintes frases:
(1) «Ena, que maravilha!»
(2) «Ena, então por cá?»
(3) «Ena, tanta gente!»
No Corpus do Português, de Mark Davies, há algumas ocorrências desta interjeição, todas de textos em português de Portugal, como é o caso da que a seguir se apresenta, marcando admiração ou surpresa:
(4) «Vai ele abre a caixa. Ena tanto bicho! Cobras e um lagarto, só visto...» (Irene Lisboa, O Pouco e o Muito: Crónica Urbana, 1956)
A interjeição também surge associada a pá e a pai:, sendo esta não propriamente a palavra pai, mas antes uma variante da expressão pá, que se costuma considerar como uma forma curta de rapaz, com função vocativa:
(5) «Ena pá! O que tu fizeste!» (dicionário da ACL, s.v. ena)
(6) «Viveu ali um rei mouro, que deixou [...] um monte de oiro, e noutra um tesouro de diamantes, que chegava pra comprar toda a Cristandade.. – Ena, pai! E porque é que ainda ninguém roubou tamanha riqueza?» (Abel Botelho, "A Frecha da Misarela" in As Mulheres da Beira)
Refira-se, por último, que as fontes consultadas pouco adiantam sobre a origem desta interjeição. A Infopédia nada regista, e o dicionário da ACL descreve-a apenas como formação expressiva.