A interjeição eta pode ser seguida de ponto de exclamação, de vírgula1. e até pode ocorrer sem sinal nenhum: «Eta! Povinho bão...», «Eta, povinho bão...» ou «Eta povinho bão»2.
O Dicionário Houaiss atesta a interjeição eta com abonações em que é sempre usada com ponto de exclamação:
(i) «Eta! eles chegaram!»
(ii) «Eta! como dorme!»
No Dicionário de Usos do Português do Brasil (Francisco S. Borba, org. São Paulo, Editora Ática), também se atesta eta seguido de vírgula: «Eta, mulher formosa», a exprimir surpresa; «Eta, Ricardo, cuidado», em tom de censura. E regista-se ainda eta sem qualquer sinal de pontuação (ibidem): «Eta gente trabalhadeira» (surpresa); «Eta feijãozinho bom» (aprovação). Nestes últimos casos, parece que eta tem uso muito semelhante a que exclamativo, que não é seguido de sinal de pontuação («Que gente trabalhadeira!»).
A interjeição em referência é típica do registo informal do português do Brasil, como se assinala no Dicionário Houaiss, que a descreve como expressão que «exprime satisfação ou certo espanto diante de fato, acontecimento etc. mais ou menos surpreendente».
1 Não é impossível empregar vírgula depois de uma interjeição, quando esta se combina com uma frase exclamativa. Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, pág. 588) consideram que «[n]a escrita, as interjeições vêm de regra acompanhadas de ponto de exclamação»; contudo, observe-se que estes gramáticos não dizem se a regra se aplica mesmo em situações em que a interjeição é acompanhada de uma frase. Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2002, pág. 332) não é tão estrito: «Quando estão combinadas com uma frase maior exclamativa, podem-se separar [as interjeições] da frase por meio de uma vírgula, ou por meio do ponto de exclamação, ao qual se deve seguir, entretanto, letra minúscula: "Oh! que doce harmonia traz-me a brisa "»
2 A forma bão é variante de bom e encontra-se atestada como característica dos falares populares do Brasil, tendo mesmo sido aproveitada literariamente, como traço de construção de personagens; ex.: «– Que negócio de "dona" é esse? Me chame de Lúcia, como todos. Dona é palavra de burguês. – Tá bão, do... é, discurpa, é, Lúcia – disse ele, fingindo acabrunhamento.» Pedro Corrêa Cabral, Xambioá: Guerrilha na Araguaia, Record, 1993 (Corpus do Português, de Mark Davies e Michael Ferreira).