Da pesquisa que realizámos na bibliografia específica1, somente no volume II do Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (Lisboa, Livros Horizonte, 2003), de José Pedro Machado, encontrámos o registo do apelido Farrancha [«Cp. Farrincha»], remetendo para o apelido Farrincha que é apresentado como «antiga alcunha» sobre a qual se coloca a hipótese de ser resultado de «formação expressiva».
Por sua vez, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Coimbra, Coimbra Editora, 1966, p. 449), de F. Rebelo Gonçalves, exibe o termo farrancha como substantivo feminino, sendo logo seguido pelo substantivo masculino farrancho, apresentado com dois significados: «ranchada» e «espada velha». Por outro lado, o Novo Dicionário Compacto da Língua Portuguesa (1980), de António de Morais Silva, contempla o substantivo farrancha como «o mesmo que farancho», sobre o qual indica vários significados: «ranchada que vai para a romagem e que vai divertir-se», «lata velha em que se bate, para fazer barulho» e «espada velha; chanfalho».
Ainda sobre estes termos, importa referir que a associação a festa e a divertimento apresentada para este substantivo/nome masculino é retomada pelo Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, que remete, precisamente, a sua origem a farra [«De farra?»], ilustrando com uma citação (1816) da tradução de Os Mártires, de Filinto Elísio: «Cambaleando, o farrancho folião bebe à saúde de Baco e Vénus.»
1A pesquisa teve como base a seguinte bibliografia: J. Leite de Vasconcelos, Antroponímia Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional, 1928; Manuel de Sousa, As Origens dos Apelidos das Famílias Portuguesas, Lisboa, Sporpress, 2001; Silveira Bueno, Grande Dicionário Etimológico e Prosódico da Língua Portuguesa, São Paulo, Ed. Saraiva, 1965, José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 1987; José Rebelo Gonçalves, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Coimbra, Coimbra Editora, 1966; Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001.