Coisa: «tudo o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea» (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa); «tudo o que existe ou pode existir real ou abstractamente» (Infopédia); «Aquilo que existe ou pode existir» (Novo Dicionário Aurélio); «o que existe ou pode existir» (Grande Dicionário Universal da Língua Portuguesa).
Tendo em conta que esta é a primeira definição de coisa que surge em todos os dicionários de língua portuguesa consultados, considero que a referida palavra se encontra correctamente aplicada nos exemplos que o consulente aqui nos propõe.
É evidente que, em determinados contextos, dependendo naturalmente do modo como é utilizada e até do tom com que é dita, a palavra coisa poderá ser usada com fins ofensivos ou de amesquinhamento do outro, sendo mais compatível, nesses casos, com uma das suas outras possíveis definições: «Qualquer ser inanimado» (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa). Assim, se alguém, para caracterizar outra pessoa, recorrer por exemplo à formulação «aquela coisa ali», poderá estar, com alto grau de probabilidade, a ser maldoso ou, no mínimo, irónico. Abrimos aqui um parêntesis apenas para referir que existe até uma locução — «coisa à toa» — que significa justamente «pessoa ordinária, reles, desprezível» (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa). No entanto, nenhum destes contextos me parece estar, de forma alguma, em linha com os exemplos que aqui nos apresenta.
Aliás, uma das frases que o consulente nos sugere lembra-me até o famoso texto de Vinicius de Morais, «Garota de Ipanema», que, concordarão certamente comigo, será tudo menos ofensivo:
Que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar»