DÚVIDAS

Concordância: «A equipa da empresa... o nosso colega»

A minha questão é referente à regência e/ou concordância da palavra equipa em número.

Fiz uma publicação de necrologia e a mensagem era «A equipa da empresa Y comunica com pesar e consternação o falecimento da Sra. X, mãe da esposa do nosso colega Z».

Entretanto, o jornal alterou para «A equipa da empresa Y comunica com pesar e consternação o falecimento da Sra. X, mãe da esposa do seu colega Z». Esta alteração suscitou debate e essa dúvida sobre se a primeira mensagem estava incorrecta.

Agradecia vossos preciosos comentários.

Resposta

A questão colocada envolve, como bem afirma o consulente, um processo de concordância.

Em (1), o núcleo do sujeito da frase é «a equipa», ou seja, um constituinte equivalente à 3.ª pessoa do singular. Por esse motivo as concordâncias com este núcleo devem ocorrer na mesma pessoa e número.

(1) «A equipa da empresa Y comunica com pesar e consternação o falecimento da Sra. X, mãe da esposa do seu colega Z.»

Deste modo, está correto o uso do determinante possessivo seu, uma vez que ele se encontra na 3.ª pessoa do singular.

O uso do possessivo de 1.ª pessoa do plural poderia ocorrer se o núcleo da concordância fosse o pronome nós, como poderia acontecer numa frase como a que se apresenta em (2):

(2) «Nós, membros da equipa da empresa Y, comunicamos com pesar e consternação o falecimento da Sra. X, mãe da esposa do nosso colega Z.»

Finalmente, uma frase como a que se apresenta em (3) poderia dar azo a interpretações dúbias porque o determinante nosso poderia estar a concordar com um antecedente que não está expresso ou que seria reconstituído pelo contexto, que poderia corresponder a algo como o que indica entre parênteses retos:

(3) «[Nós ficámos agradecidos quando] a equipa da empresa Y comunicou com pesar e consternação o falecimento da Sra. X, mãe da esposa do nosso colega Z.»

Certo é que, formalmente, nosso não pode concordar com «a equipa».

No entanto, refira-se que, em contexto menos formais, pode ocorrer uma concordância siléptica, ou seja, uma concordância que se processa não com o que está escrito, mas com aquilo que o locutor tem em mente. Desta forma, se o locutor trabalhar na empresa, pode assumir a concordância do constituinte «nosso colega» que a ideia de «nós somos a equipa». Esta concordância pode ter lugar na oralidade, mas na escrita deve optar-se pela concordância assinalada em (1) para não gerar ambiguidades.

 

Disponha sempre!

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa