Condicional / futuro do pretérito
Quando estudei na escola primária aprendi uma forma verbal chamada "condicional". Tempos depois as gramáticas brasileiras passaram a chamar essa forma de "futuro do pretérito".
Ora, a mesma forma verbal tanto expressa uma situação de condição (eu compraria aquele carro se o preço fosse mais baixo) como também pode expressar um futuro de um passado que entretanto não é ainda o presente – é portanto o futuro do pretérito (anos atrás não imaginava que compraria o carro que tenho hoje).
Nos dois parênteses acima o verbo comprar aparece com a mesma forma mas com os sentidos diversos, não havendo portanto dúvidas acerca da exatidão das duas designações. Ocorre entretanto que em 90% dos casos da linguagem usual o sentido é de condicional, não de futuro do pretérito. Ademais, este segundo sentido é produto de uma linguagem mais elaborada, fora do alcance de uma criança do curso primário, argumentos que ao meu ver justificariam a manutenção do termo "condicional", já que além da maior freqüência do primeiro é naquele curso que tomamos conhecimento da forma verbal.
Tenho notado ao longo da vida que os profissionais de qualquer área (inclusive da minha Engenharia) têm a tendência de criar uma linguagem complicada, fora do alcance dos "iniciados", parecendo ser esta a única razão dos gramáticos brasileiros terem passado a adotar a designação de "futuro do pretérito". Parece-me que em Portugal continua-se a usar a designação de "condicional".
Poderiam os senhores, por gentileza, esclarecer o assunto?
P.S.: Sou engenheiro civil, professor do curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica de Pernambuco, e Inspetor de Obras Públicas do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Embora engenheiro 24 horas por dia tenho um grande interesse pela minha língua, por estar convencido de que o idioma é o maior traço da identidade de um povo. O local de acesso a este endereço eletrônico é o Tribunal de Contas.