DÚVIDAS

Imperfeito do indicativo ‘vs.’ condicional, novamente

Deparei-me com a seguinte frase:

«Fora um momento forte de experiência humano-divina, que devia adquirir alcance universal.»

Embora reconheça que a frase não soa “mal”, parece-me, no entanto, que a ideia de algo que acontecera com projecção futura estaria mais bem explícita segundo estas sugestões:

«Fora um momento forte de experiência humano-divina, que dev[er]ia adquirir [ou adquiriu ou adquiriria ou viria a adquirir) alcance universal.»

Resposta

Os verbos regulares da segunda e da terceira conjugação têm o condicional simples apenas com mais uma sílaba do que o pretérito imperfeito do indicativo. Ex.: Eu deveria e eu devia.

Como a vogal da segunda sílaba do condicional é átona, e a consoante seguinte, r, é pouco intensa, vemos que há tendência para a síncope, ou queda, destes elementos.

Este fenómeno fonético deu lugar a que o pretérito imperfeito do indicativo dos verbos da língua portuguesa tenha tendência para substituir o condicional simples. A primeira conjugação foi influenciada pelos verbos das segunda e terceira conjugações.

De qualquer modo, o condicional é a forma preferível especialmente num discurso mais cuidado.

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