Partindo do princípio de que as expressões mais corretas são «corretor de imóveis» e «consultor de imóveis», refira-se que corretor,1 no contexto da compra e venda de imóveis no Brasil, designa «agente comercial (de publicidade, de imóveis etc.)» (Dicionário Houaiss).2 O iDicionário Aulete confirma esta definição: «Aquele que trabalha como intermediário na compra e venda de imóveis, ações, seguros.» Sobre consultor usado no mesmo contexto, não encontro referência específica nos dicionários consultados, para além das aceções que aí se atribuem à palavra. Aliás, a consulta do corpus NILC/São Carlos (Linguateca), constituído por «textos brasileiros do registo jornalístico, didáctico, epistolar e redacções de alunos» (idem), mostra que a expressão «corretor de imóveis» ocorre 18 vezes, enquanto não se deteta nenhuma de ocorrência de «consultor de imóveis», o que sugere que a expressão consagrada é efetivamente «corretor de imóveis».
Mesmo assim, porque o mundo muda e a língua também, assinalo que há quem diferencie entre «corretor de imóveis» e «consultor de imóveis». É que se faz num blogue brasileiro:
«O mercado costuma denominar "corretor" o profissional devidamente inscrito no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis — CRECI. Refere-se, de outro lado, a "consultor" para denominar o profissional não escrito (pseudocorretor/irregular).»
Contudo, na mesma fonte, propõe-se outro entendimento da expressão «consultor de imóveis», concebendo-a como designação de um profissional do setor imobiliário que tem uma nova atitude na atividade, não se limitando a agir como corretor:
«É fácil ser corretor de imóveis. Basta fazer um curso a distância e inscrever-se no órgão competente (CRECI) para estar habilitado a intermediar negócios imobiliários.[...] O consultor imobiliário, além de procurar intermediar a venda e compra de imóveis para seus clientes, que é o que realmente lhe [sic]3 sustenta, busca assessorá-lo de maneira muito mais abrangente, informando-o acerca, por exemplo, do bom ou mau momento do mercado para o negócio pretendido. [...] Deste modo, acreditamos que, além de "corretores de imóveis" na acepção jurídica do termo, devemos ser consultores imobiliários!»
1 Distingue-se corretor, «intermediário em negócios», provavelmente do antigo provençal corratier «corredor, intermediário» (Dicionário Houaiss), de corretor, «que ou o que corrige» e proveniente do «lat[im] corrĕctor, ōris `o que emenda, corrige, censor´» (ibidem) e que, antes da aplicação do Acordo Ortográfico, se escrevia corrector em Portugal. Observe-se que, ainda neste país, estas palavras se pronunciam de maneira diferente: corretor, «intermediário» tem o chamado e mudo (transcrição fonética [kuRɨˈtoɾ; cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa); e corretor, «o que corrige», apresenta e aberto (transcrição fonética [kuRɛˈtoɾ]; idem).
2 Agradeço a Luciano Eduardo de Oliveira as indicações facultadas sobre este tópico.
3 Conforme a norma, o redator deveria ter escrito «que o sustenta», . Cf. Novamente o lheísmo do português do Brasil.