Tu designa explicitamente um interlocutor único (presente ou ausente relatimente à situação de comunicação).
Vós designa explicitamente um interlocutor múltiplo; pode também designar um interlocutor único numa situação formal de elocução.
Um discurso (ou segmento de discurso) em segunda pessoa é aquele em que se predicam a{#c|}ções ou qualidades reportadas a um interlocutor.
Vejamos alguns exemplos.
1. Em textos de instrução: o locutor descreve as a{#c|}ções como um modelo ou programa a seguir ou a realizar pelo alocutário/destinatário; este é colocaddo na posição de agente ou executante futuro das a{#c|}ções enunciadas:
«Chegas à Rua Serpa Pinto, viras à esquerda e encontras um largo. Aí deves apanhar o 78.»
2. Em textos argumentativos: o locutor faz uma apreciação da a{#c|}ção do interlocutor e usa essa apreciação como um argumento ou conclusão:
«Tens trabalhado muito e não tens faltado às aulas. O teu comportamento também está francamente melhor. Esta tua mudança de atitude é de louvar e por isso vais passar de ano.»
2.1. Na sermonística:
«Eis aqui porque eu dizia ao princípio que vindes enganados com o pregador. Mas para que possais ir desenganados com o sermão, tratarei nele uma matéria de grande peso e importância. Servirá como de prólogo aos sermões que vos hei-de pregar, e aos mais que ouvirdes esta quaresma.»
(Pe. António Viveira, Sermão da Sexagésima)
3. Em textos descritivos
3.1. Com ocorrência qualificação obje{#c|}tiva: o interlocutor é informado de algo que desconhece sobre si próprio:
«Pesas 70 kg.»
3.2. Com ocorrência de qualificação subje{#c|}tiva: o locutor elogia ou intimida o interlocutor:
«Não te irrites. Lê esta carta até ao fim. Tinhas tanta vaidade naquilo que fazias... Imagino a cara que estás a fazer agora. Serra os punhos e chora – é tudo o que podes fazer depois de acordares dos teus sonhos de prepotência.»