O Dicionário Priberam tem a entrada entredentes, classificando-a como advérbio e atribuindo-lhe o significado de «Quase sem abrir a boca e geralmente com mau humor (ex.: resmungar entredentes, rosnar entredentes)» (ver também dúvida linguística da Priberam). Este registo parece dar continuidade ao critério adotado pela 10.º edição do dicionário de Morais, em cuja equipa trabalhou José Pedro Machado (JPM), e pelo Grande Dicionário da Língua Portuguesa, do mesmo JPM. No entanto, não se encontra esta aglutinação gráfica noutras fontes; o mais que se regista é entredente como substantivo e sinónimo de crena, ou seja, «intervalo entre os dentes de uma roda» (cf. Dicionário Houaiss e dicionário da Porto Editora; o Priberam também inclui esta entrada). Além disso, à parte entredente, nos vocabulários ortográficos (incluindo o de Rebelo Gonçalves, de 1966) não figura entredentes (não têm de incluir «entre dentes», como sintagma, isto é, com dois elementos separados, porque geralmente os vocabulários ortográficos não registam os sintagmas ou as locuções como entradas).
Sendo assim, embora não se possa condenar entredentes, tendo em conta a sua tradição lexicográfica, recomenda-se entre dentes, separado, até porque não parece estar-lhe associado claramente um grau elevado de autonomia semântica. Com efeito, a expressão adverbial. como subentrada de dente, mantém a sua composicionalidade, ou seja, a interpretação da sequência é resultado da combinação semântica dos seus constituintes.