DÚVIDAS

Eutanásia

Os dicionários (pelo menos alguns) e a conversação vulgar acolhem a palavra eutanásia.
À semelhança de tantas outras palavras com etimologia grega e sufixo tónico "ia" (por exemplo, «dislexia», «glicemia», «leucemia», «neurastenia», «patologia», «parestesia», «radioterapia», «epilepsia», «alcoolemia», «anoxia», «plegia», «paraplegia», «anemia», «ataxia», «ataraxia», etc.), não deveria ser uma palavra grave, «eutanasia»?

Resposta

Tem toda a razão. Segundo o Dicionário Etimológico de José Pedro Machado, eutanásia vem do grego euthanasía (= «morte sem sofrimento»), com tónica em ía. Respeitando-se a etimologia primitiva, deveria escrever-se *eutanasia.

O termo, porém, entrou na nossa língua pelo latim eutanasia, com i breve; logo com acento na sílaba anterior ¦eutanásia¦, daí a pronúncia actual.

O completo Vocabulário da Academia das Ciências de Lisboa, de 1940, ainda recomendava *eutanasia ¦ía¦, mas o Vocabulário de Rebelo Gonçalves já registava eutanásia em 1966. Assim ficou, e assim deve escrever.

No nosso tempo, aparece com acento no completo Vocabulário da Academia Brasileira de Letras, de 1998; no Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, de 2001; no recente Dicionário Houaiss, etc.

Como se diz na moderna linguística, o uso faz lei na língua.

N.E. – Termo oposto a eutanásia (o «acto de proporcionar a morte sem sofrimento a um doente atingido por afecção incurável que produz dores intoleráveis» ou que se encontra em estado vegetativo, sem possibilidade de recuperação) é o substantivo distanásia, que, em Medicina, significa «morte lenta, com grande sofrimento». Não confundir o termo eutanásia com o de suicídio assistido.

Ao seu dispor,

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa