Em referência ao processo de cozinhar alimentos em manteiga ou óleo muito quentes, fritar e frigir são sinónimos. No entanto, no português contemporâneo, fritar sobrepôs-se a frigir, que só se acha em textos mais antigos ou se recupera como recurso literário.
Uma consulta do Corpus do Português de Mark Davies e Michael Ferreira indica que a forma de infinitivo frigir conta com 24 ocorrências, das quais 19 se concentram em textos compreendidos entre o século XVI e o século XIX. Fritar tem 19 ocorrências, quase todas (17) concentradas — 10 do português de Portugal e 7 do português do Brasil — em textos no século XX. Além disso, é curioso verificar, por exemplo, que o iDicionário Aulete remete a entrada frigir para fritar, deixando concluir que esta é a forma mais conhecida.
Noutros contextos, os verbos diferenciam-se claramente, mas trata-se de um uso técnico no caso de fritar e, no de frigir, de modos figurados de fazer referências a certas situações (Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, e exemplos do Dicionário Houaiss):
fritar: proceder ao cozimento de (ingredientes com que se fabrica o vidro).
frigir: «(em sentido figurado) importunar, arreliar» — «frigiram-se com todas aquelas perguntas»; «(em tom coloquial) ostentar a sua importância em público; gostar de se mostrar» — «frigia, com vaidade, nas altas rodas sociais».
Acrescente-se que a relação etimológica entre frigir e fritar é muito estreita. O Dicionário Houaiss indica que fritar deriva de frito, do «lat[im] frictus, a, um part[icípio] pas[sado]. de frīgo, is, frīxi, frīctum ou frīxum, gĕre `frigir, fritar´». Deste verbo latino, evoluiu diretamente frigir, que tem duas formas de particípio passado, o regular frigido e o irregular frito.