DÚVIDAS

Grupo nominal e pronome relativo: «Um friso, que poderia ser cinema»

Na passagem «Como um friso – de pessoas, lugares e acontecimentos, quantas vezes maiores que a própria vida –, que poderia muito bem ser cinema se, por acaso um dia, a ele fosse adaptado», agradecia que me precisassem, no caso de ter de transcrever, o antecedente do pronome relativo que presente em «que poderia muito bem ser cinema»: «um friso» ou «friso»?

Antecipadamente grata!

Resposta

A frase apresentada pela consulente é do artigo de Maria João Pinto, no Diário de Notícias, intitulado «Fernão Lopes, cronista para todos os tempos». Na oração «que poderia muito bem ser cinema» o antecedente do pronome relativo que é o sintagma nominal «um friso».

Na oração mencionada o pronome relativo que desempenha a função sintática de sujeito. Para além de assegurar formalmente a relação de subordinação, o pronome relativo que também retoma dentro da oração o grupo nominal modificado, que, neste caso, corresponde a «um friso».

A oração «que poderia muito bem ser cinema» é uma relativa de nome apositiva e, como tal, segundo Rita Veloso, na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian)1, o antecedente das orações relativas apositivas é um sintagma nominal completo (neste caso, «um friso»). Este tipo de orações funciona semanticamente como um caraterizador de todo o sintagma nominal precedente, veiculando informação nova sobre ele, mas não contribuindo para o seu valor referencial.

 

1. Veloso, R. (2013), Subordinação relativa. In Raposo et al. (2013). Gramática do Português. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 20610-2136.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa