DÚVIDAS

O Fado Tropical e a "licença poética"

O nosso querido — e genial — Chico Buarque não teria cometido um erro de conjugação no trecho abaixo de Fado Tropical? (Não tenho certeza se a letra é mesmo de Chico Buarque, e não de Ruy Guerra, mas isso não importa na presente questão.)

«(...)
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
(...)»

Os verbos ser e esquecer não deveriam ser conjugados como sejas e esqueças, por estarem no imperativo negativo? A "licença poética" se aplica a esses casos?

Grato.

Resposta

Os verbos ser e esquecer deveriam ser conjugados como sejas e esqueças, por estarem no imperativo negativo, de facto.

Quanto à licença poética, podemos talvez dizer, indulgentes perante o génio de Chico Buarque, que se trata de um caso de silepse, a figura de estilo que dá conta dos desvios de concordância.

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