A resposta está longe de ser categórica. Em duas gramáticas de referência — a Nova Gramática do Português Contemporâneo (págs. 252 e 256), de Celso Cunha e Lindley Cintra, e a Moderna Gramática Portuguesa (p. 146), de Evanildo Bechara — não se encontra descrito o uso de adjectivos compostos por um adjectivo uniforme, como laranja ou rosa — derivados de substantivos e referentes a cor—, seguido de adjectivo.
No entanto, penso que Bechara dá uma pista (ibidem), quando, ao comentar a visão de Mário Barreto sobre este assunto, diz o seguinte (mantive a ortografia original):
«[...] [é] freqüente o emprego do nome do objeto colorido para expressar a cor desse mesmo objeto: o lilá pálido; um violeta escuro, aplicando-se aos nomes lilá, violeta o gênero masculino na acepção da cor: "prefiro o rosa ao violeta", em vez de "prefiro a rosa à violeta", oração que pode ser entendida de maneira ambígua.»
Ora bem, apesar de laranja e rosa serem adjectivos uniformes, não parece bloqueada a possibilidade de estes se comportarem como azul-escuro quando se integram em adjectivos compostos associados a substantivos no plural. Ou seja, se a flexão de plural afe{#c|}ta apenas o segundo elemento de azul-escuro numa expressão como «vestes azul-escuras», do mesmo modo, depreende-se que, com laranja-vivo ou rosa-vivo, se diga e escreva «vestes laranja-vivas». Mas, repito, não se trata de um preceito que se veja exposto em gramáticas e prontuários, pelo que convém ter a noção de que esta é uma área que ainda espera por alguma clarificação normativa.