Em todas as orações existe um domínio de predicação. A predicação é a relação semântica que existe entre um predicador e um argumento. O predicador é o elemento que desempenha a função nuclear numa predicação.

A relação de predicação pode estabelecer-se de duas formas:

(i) o predicador atribui uma propriedade ao sujeito;

(1) A Maria é professora (predicador = professora)
(2) A Ana está cansada (predicador = cansada)

(ii) o predicador estabelece uma relação entre entidades.

(3) O João leu o livro (predicador = leu)
(4) O Pedro deu uma prenda à mãe (predicador = deu)

Numa frase que contenha um verbo copulativo ou de ligação (ser, estar, ficar, continuar, parecer, permanecer...) é o complemento desse verbo que desempenha a função de predicador. Os verbos copulativos não têm uma significação definida [não exprimem nenhuma acção, por exemplo], necessitando de um complemento que confira ao predicado um verdadeiro sentido; que atribua um estado ou uma qualidade ao sujeito. É a esse complemento obrigatório dos verbos copulativos que se chama predicativo do sujeito. O constituinte que desempenha a função sintáctica de predicativo do sujeito pode ser um sintagma nominal [cf. frase (1)], um sintagma adjectival [cf. frase (2)], um sintagma preposicional («as calças são de ganga») ou um sintagma adverbial («o doente está mal»).

Em frases que não contenham verbos copulativos, é o verbo (com significação definida) que desempenha a função de predicador [cf. frases (3) e (4)]. Neste grupo de verbos, encontramos os verbos que não seleccionam complementos (verbos intransitivos) e os verbos que exigem a presença de um complemento que lhes complete o sentido: verbos transitivos directos [seleccionam um complemento directo − constituinte que se liga directamente ao verbo] e verbos transitivos indirectos [seleccionam um complemento indirecto − constituinte que se liga ao verbo por meio de uma preposição].

Podemos, assim, dizer que:

− o predicativo do sujeito é o complemento obrigatório de um verbo copulativo, como o verbo ser − cf. frase (1);
− o complemento directo é o complemento obrigatório de um verbo transitivo directo, como o verbo ler − cf. frase (3);
− o complemento indirecto é o complemento obrigatório preposicionado de um verbo transitivo indirecto, como o verbo dar − cf. frase (4).