DÚVIDAS

Sujeito pós-verbal ≠ complemento direto

Como distinguir o sujeito pós-verbal do complemento direto, uma vez que, para obter ambos a pergunta pode ser «o quê?»?

Resposta

O sujeito é a função sintática tipicamente desempenhada por um grupo nominal (ou também por uma oração subordinada substantiva) que usualmente surge em posição pré-verbal, a chamada ordem direta ou canónica:

(1) «O João enviou presentes aos seus amigos.»

Não obstante, o sujeito pode também aparecer em posição pós-verbal, também designada ordem inversa:

(2) «Enviou o João presentes aos seus amigos.»

A identificação do sujeito faz-se recorrendo a instrumentos sintáticos de identificação, tais como:

(i) o sujeito concorda com o verbo: na frase (2), o verbo encontra-se flexionado na terceira pessoa do singular, sendo o grupo nominal “o João” o único que concorda com o verbo por se encontrar no singular;

(ii) o sujeito responde à questão “quem?” («Quem enviou os presentes aos seus amigos? O João.»), todavia, em certas frases, também responde à questão “o que? / o quê?” («Os presentes impressionaram os amigos.» / «O que impressionou os amigos? Os presentes.»);

(iii) o sujeito é substituível pelo pronome pessoal na sua forma nominativa, ele(a) / eles(as)Ele enviou presentes aos amigos.») e pelo demonstrativo isto, no caso de o sujeito corresponder a uma oração («É evidente que tu vais comigo.» / «Isto é evidente.»)


Perante o que ficou exposto atrás, fica claro que recorrer unicamente à questão “o que? / o quê?” para identificar o sujeito é manifestamente insuficiente como critério inequívoco de identificação, sendo o recurso à pronominalização (critério (iii)) um instrumento sintaticamente mais fiável.

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