DÚVIDAS

Tipos de texto, modos literários e géneros de textos

Há três anos que trabalho no departamento da supervisão pedagógica, e uma das minhas funções é apoiar os professores não só no domínio pedagógico como também no da Língua Portuguesa (gramática). Assim, gostaria que me esclarecesse sobre o tema referido, para que eu possa passar uma informação confiável para os meus colegas. Pois, há uma confusão em relação ao tema: tipos de texto; modos literários e géneros de textos.

Agradeço antecipadamente.

Resposta

As dúvidas que coloca advêm da utilização simultânea de classificações dos textos que nascem de distintas perspetivas teóricas.

Antes de mais uma classificação de textos baseada em determinados critérios designa-se tipologia e as classes de textos que se organizam no seu interior denominam-se tipos (de texto). Há, portanto, tipologias textuais distintas propostas por diferentes autores.

Uma das tipologias que estruturou o ensino básico e secundário durante muito tempo foi a tipologia dos modos literários, que tem as suas raízes em Platão e Aristóteles. Esta tipologia integra três modos: o lírico, o dramático e o narrativo. Como refere Paulo Silva, «o critério em que assenta [esta tipologia] radica nos enunciadores do texto, que podem ser ou o autor, ou o autor e as personagens, ou as personagens» (in Tipologias textuais. Almedina, p. 41)1

A classificação dos textos em géneros discursivos é outra possibilidade de classificação dos textos, ou seja, é uma outra tipologia que assenta num critério diferente, o das áreas de atividades socioprofissionais que envolvem os textos, considerando ainda os objetivos que envolvem. Por exemplo, o contexto socioprofissional escolar conta com vários géneros textuais típicos, como a composição, o comentário, a exposição, a resposta a questões, só para citar alguns.

Concluímos, deste modo, que em contexto escolar é importante que se opte por uma visão coerente da realidade textual, evitando convocar em simultâneo abordagens distintas, que assentam em visões particulares da realidade e em critérios específicos de análise, pois essa opção apenas tornará a abordagem teórico-didática confusa e oscilante.

Disponha sempre!

1. Não sendo possível aqui desenvolver uma apresentação aprofundada da questão colocada pela consulente, sugerimos a leitura da obra de síntese que aborda esta questão: Paulo Nunes da Silva, Tipologias textuais. Como classificar textos e sequências. Coimbra, Almedina/Celga, 2012.

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