Usar(-se) e utilizar(-se)
Pesquisando as diferenças existentes entre esses três verbos – mesmo sabendo que, na vida cotidiana, elas pouco importam –, cheguei às seguintes conclusões, que submeto a vossa apreciação:
Usar significa pôr em uso, empregar, aplicar. Não importa como nem para quê. Trata-se, pois, de um verbo de grande amplitude, genérico, vago. Em última análise, diz-se que algo é usado quando seu estado é modificado por obra de algum sujeito. Exemplo: um graveto está sobre o solo, onde caiu naturalmente após secar e se desprender de uma árvore, até que alguém se aproxima e o pega para alimentar uma fogueira; no momento em que é apreendido pelo sujeito, o graveto já está sendo usado, pois deixou de estar ao natural como até então se encontrava.
Utilizar significa tornar útil. Sabemos que o sufixo -izar carrega a idéia de tornar, converter (agilizar = tornar ágil; atualizar = tornar atual etc.). Assim sendo, para que certo objeto seja utilizado, pressupõe-se que ele ainda não seja útil – pois nada pode se tornar aquilo que já é. No exemplo dado acima, pode-se dizer que o graveto foi utilizado a partir do momento em que foi atirado na fogueira para queima. Antes disso, tratava-se de uma coisa meramente exposta ao acaso, sem utilidade nenhuma.
A utilização pressupõe um ato do sujeito que mobiliza o objeto a uma certa utilidade, ainda que esta não seja inerente à natureza específica dele – no exemplo, o graveto não é coisa predisposta naturalmente à queima, mas sim à decomposição orgânica.
Utilizar-se é tirar proveito, servir-se. Mas não qualquer proveito: apenas aquele ao qual o objeto se destina por natureza. Cite-se como exemplo o telefone: sua finalidade natural é a de servir de instrumento de comunicação vocal. Assim, uma pessoa se utiliza do telefone logo que passa a aplicá-lo na comunicação vocal.
É isso?
Muito obrigado.
