Peço a vossa ajuda no esclarecimento da seguinte questão.
Surge, numa nova gramática, a seguinte frase: «O João assistiu ao espetáculo.» A expressão «ao espetáculo» aparece como sendo complemento indireto, contudo parece-me ser um complemento oblíquo (CO). Vejamos:
Para ser CO, tem sempre de ser (1) GPrep ou GAdv; (2) sendo GPrep, pode ser introduzido por qualquer preposição; (3) não pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe; (4) aparece na resposta às perguntas: O que aconteceu…? O que se passa com…? O que fez…?
Ora, voltando à parte da frase em questão:
1) É um GPrep.
2) É introduzida por uma preposição.
3) Não pode ser substituída pelo pronome pessoal lhe.
4) Aparece na resposta à pergunta: O que fez o João? Assistiu ao espetáculo.
Admitamos a hipótese defendida na tal gramática. Para ser complemento indireto:
1) É sempre um GPrep selecionado pelo verbo (confirma-se).
2) É sempre introduzido pela preposição a (confirma-se).
3) Pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe (não me parece).
4) Responde à pergunta: «A quem?» (não me parece).
Se o meu raciocínio está correto, estamos perante um CO. Admito, no entanto, que esteja errado.
Já está claro para mim que o antigo complemento circunstancial foi substituído pelo termo modificador. Submeto à vossa consideração a análise sintáctica desta frase: «Ontem, o João deu-lhe o livro no café.»
Eis como a analiso:
Sujeito: «O João».
Predicado: «Ontem, deu-lhe o livro no café».
Complemento directo: «o livro».
Complemento indirecto: «lhe».
Modificador (digo “modificador 1”, “modificador de tempo” ou simplesmente “modificador”?): «Ontem».
Modificador (“2”, “de lugar” ou apenas “modificador”?): «no café».
Grata pelo esclarecimento.
A propósito da resposta As dúvidas de um «sportinguista com status e stique», onde se transcrevia um anterior texto sobre o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, aqui fica este aditamento do seu autor, o nosso prezado consultor D' Silvas Filho.
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