Correio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Albino Ramalho Portugal 2K

Acompanhei com interesse e preocupação o desenrolar da crise sobre a continuidade do Ciberdúvidas, um serviço inestimável e imprescindível à língua portuguesa. Foi lamentável o silêncio e o desinteresse das entidades oficiais na mobilização dos recursos necessários à viabilização de um serviço que deveria ser considerado de verdadeiro interesse público e como tal devidamente apoiado e assegurado. Ainda bem que o mesmo não aconteceu da parte de entidades privadas onde foi possível encontrar a sensibilidade e o interesse necessários para que uma iniciativa destas não fosse votada ao abandono. Por isso, parabéns e obrigado aos CTT e à Fundação Vodafone. Parabéns aos responsáveis do Ciberdúvidas que com o seu grito de alerta fizeram com que o Ciberdúvidas não se extinguisse. Deseja-se, contudo, uma solução estável e duradoura enquadrada numa política séria de preservação, divulgação e valorização da nossa Língua.

Termino com uma palavra de incentivo a toda a equipa de técnicos, merecedores do respeito, apreço e reconhecimento por parte de todos os consulentes pelo serviço que diariamente lhes prestam.

Luís A. Afonso Portugal 1K

Felizmente (explico adiante porquê) o meu português não vai além do 5.º ano doliceu (do antigamente). Já estou para não ficar pasmado (dadas as repetidas incursões do disparate nos media) que um programa infantil (denominado Panda Miúdos) legende o monumento sito próximo dos Jerónimos de — Padrão dos "Descubrimentos". Descubra-se a razão, que eu não a vislumbro.

A não ser que, na nova maneira de encarar a compreensão do texto à moda do novo Ministério da Educação, as crianças entendam melhor os conceitos plasmados nas palavras "descubrir", "cumunhão", "cumércio", "cumunicado", "Cumunidade", etc., etc. do que nas que ainda são norma.

Tenho para mim que os meus escassos conhecimentos se tornam úteis pois detectam facilmente apenas as agressões clamorosas, máximas, escandalosas do uso da língua. Deixo aqui mais uma delas e penso, inevitavelmente, nas consequências quando os agora espectadores miúdos crescerem e quiçá chegarem a professores de Português. Com esta formação de base.

Luís A. Afonso Portugal 1K

Sempre os canais temáticos TV [em Portugal] e desta vez as traduções incríveis do inglês. Do Biography:

«Ficámos (os actores) muito satisfeitos pela escolha de Sean Connery porque se tratava de um grande… jogador[!].»

Absolutamente escandaloso, senhores de uma coisa que se intitula Pim-Pam-Pum, Gravação e Produção Áudio.

Aqui não há qualquer dúvida: player, «intérprete, actor», preferindo-se actor, e também «jogador» em inglês.

Erika Nunes Portugal 1K

Gostaria de saber se podem ajudar-me a saber quem escolhe os manuais escolares, pois sinto-me revoltada com erros básicos de gramática da língua portuguesa no livro do 1.º ano da minha filha. Mais ainda, porque a senhora professora mostra-se despreocupada com a correcção dos erros do manual na aula, e eu, por outro lado, acho que a língua já está tão maltratada, que, ao menos na aprendizagem, deveria ser defendida rigorosamente nesses manuais. Nem sei como é possível estes supostos autores desconhecerem coisas tão básicas e escreverem livros! Dou um exemplo de erro a que me refiro: «Depois do Luís apagar a vela do bolo...». Retirado de outro manual, também utilizado na mesma turma: «Onde se podem colher pêssegos?». E agora pergunto eu: onde pode reclamar-se?

Obrigada.

Luisa Paiva 946

Continuo sem saber porque continuam a ser ignoradas as mulheres na literatura, em especial, muitas do séc. XIX e XX (até meados). Sabem porquê?

Uma professora de Literatura Portuguesa numa Universidade de Tóquio, que sabe muito da nossa literatura portuguesa, principalmente contemporânea, é de opinião que há mais mulheres com valor na actual literatura do nosso país. Escrevi já 8 biografias só de escritoras que não constam no Dicionário de Literatura de Jacinto do Prado Coelho, editado pela Figueirinhas do Porto. Aguardo a actualização para serem publicadas. Gosto do vosso "site", que só descobri hoje.

João Freitas Portugal 2K

[Ainda acerca das observações de Luciane Vasconcellos], eu acho que o português ainda consegue resistir mais um século. Embora tenhamos aumentado o número de sítios em português na Internet, é pena não fazermos um maior esforço para a mundializar mais. É uma língua com muitos milhões de falantes, e podíamos aproveitar esse facto, investindo mais na tradução, tal como fazem vários países do Norte europeu que têm línguas isoladas. Mas o que falta realmente é vontade de união do português.

Em Portugal, o inglês está ganhando mercado, ultrapassando o francês, o que é uma lástima. E penso que as pessoas usam certos termos ingleses só para se exibirem.

Arlindo Correia Portugal 2K

Os meus sinceros parabéns pela sua nota sobre Contracções. Nunca é demais apontar e reprovar este erro tão comum.

Há erros que podem deixar de ser erros, porque uma boa parte da ortografia é de natureza convencional, e por isso pode evoluir, mas este não é desses. Nunca deixará de ser erro, nem que toda a gente o faça, porque vai contra a lógica das coisas: a preposição refere-se a uma coisa (a oração), o artigo refere-se a outra (o nome), logo não podem contrair-se.

Fez também muito bem em apontar o dedo aos seus colegas revisores dos jornais, que deixam passar a asneira. Isso é muito comum. Possivelmente alguns apenas fazem a revisão com o "spelling" e assim deixam passar a asneirada que o computador não detecta. Mas, sendo revisores, têm obrigação de ver o erro e corrigi-lo.

Mas há pior. Os próprios revisores das editoras de livros deixam passar este erro em barda, como se nada fosse. Se tivesse um bocadinho, não seria mau apontar o dedo também a estes.

Nunca a mão lhe doa.

 

*Carta publicada no Semanário "Sol" a propósito da crónica "Contrações".

Jorge Rocheta Cabrita Portugal 5K

As minhas saudações, acompanhadas de felicitações e agradecimentos pelo V.trabalho nesta rubrica tão útil como necessária.

Em relação à elaboração de requerimentos [Cf. Requerimento, aqui no Correio, com data de 03/11/2003] (e eu faço muitos, por dever de ofício), sempre considerei – contrariamente ao que se vê na prática – que, no fecho, não deveria colocar-se a data, precedendo a assinatura do requerente. Ou seja, parece-me mais lógico que a assinatura deste venha imediatamente a seguir ao seu pedido de deferimento.

Peço desculpa pelo tempo tomado, mas gosto de ler e debater tudo quanto diga respeito à língua pátria. 

Pedro Vaz Holanda 1K

Antes de mais, queria dar-vos os parabéns pelo vosso excelente "site". Podem também informar os vossos patrocinadores/parceiros CTT e Vodafone de que o facto de estarem associados ao Ciberdúvidas lhes dá uma excelente reputação e visibilidade, logo, não devem desistir de vos apoiar.

A minha sugestão é que, à semelhança de outros "sites", desenvolvam um canal RSS para podermos ver as respostas mais facilmente.

Muito obrigado.

Ana Santos Silva Tradutora Lisboa, Portugal 1K

Nas respostas (creio que apenas dos especialistas portugueses), creio não fazer muito sentido que, nas palavras onde as grafias portuguesa e brasileira diferem, se indique entre parêntesis as duas opções. Para além de dificultar a leitura, é informação redundante e que em nada contribui para a compreensão do enunciado. Há palavras para as quais há duas grafias, é tudo. Se sou portuguesa, escrevo de uma forma. Se sou brasileira, escrevo de outra. Parece-me simples. Vejamos um exemplo com o inglês europeu e o norte-americano: será que escrever "colo(u)r" é mais claro do que escrever "colour" ou "color"? A mim parece-me que não, bem pelo contrário, é mais confuso e até se presta a confusões. Há casos em que os parêntesis dentro das palavras são necessários, como por exemplo em "qual(is)" ou "professor(a)". Guardemo-los pois para quando são necessários, a bem da (boa) comunicação.