Correio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Carlos Robalo Portugal 38K

A propósito de uma douta opinião do Sr. Dr. F.V.P. da Fonseca, permito-me acrescentar alguns esclarecimentos que me parecem pertinentes para uma resposta adequada à "ciberdúvida" apresentada.

Para esse efeito, transcrevo um modesto artigo da minha autoria, publicado num jornal local:

Escoteiro ou escuteiro?

Todos diferentes, todos iguais.

Ultimamente tem surgido, nas páginas deste jornal, em artigos escotistas, a expressão "escoteiro" - assim mesmo, com um "o" - em vez do mais vulgarizado "escuteiro", com "u".

Afinal, qual delas está certa? Estão as duas, como adiante veremos.

Para isso, temos de contar um pouco da história do movimento escotista em Portugal:

Em 1911, surgia em Portugal o primeiro grupo de "boy-scouts", organizado segundo os princípios delineados por Lord Baden-Powell, o fundador do movimento escotista. Porque a adopção do estrangeirismo não agradou aos mentores do grupo, foi adoptada uma palavra já existente na língua portuguesa, com uma fonética e um significado muito semelhantes ao scout saxónico: escoteiro, (s.m.) pioneiro; aquele que viaja sem bagagem, gastando por escote; adj. leve; veloz.

Assim, em 1913 foi fundada a primeira associação escotista portuguesa, a A.E.P. - Escoteiros de Portugal, que, até hoje, mantém a grafia original.

Na década de 20, a Igreja Católica idealizou criar outra associação escotista, mas com carácter uniconfessional, destinada exclusivamente aos jovens que professavam a religião Católica Romana. Assim nasceu o "Corpo de Scouts Católicos Portugueses", mais tarde "Corpo Nacional de Scouts". Por desconhecimento da pronúncia inglesa, a expressão "scout" era pronunciada à maneira francesa: "secúte". E, embora com outro desfecho, a história repetiu-se – os responsáveis daquele movimento católico tentaram encontrar uma palavra portuguesa que soasse ao ouvido de uma maneira próxima de "secúte" e com um significado ajustável. Escolheram o "escuta", justificando que, para além da semelhança fonética, o "scout" era atento e observador e, por isso, se adequava ao significado da palavra. Apesar de ser um conceito muito redutor veio a vingar, dando origem ao "Corpo Nacional de Escutas".

Durante o regime anterior ao 25 de Abril de 1974, a AEP sobreviveu com grandes dificuldades, sendo considerada indesejável e apenas tolerada. Chegou mesmo a ser publicado um Decreto que extinguia a sua actividade nas chamadas "Províncias Ultramarinas". Entretanto, o CNE, sob os auspícios da Igreja, atingiu uma notável expansão e, felizmente, conseguiu manter acesa a chama escotista durante a longa noite da ditadura. Enquanto o "escotismo" definhava, o "escutismo" foi-se tornando cada vez mais conhecido dos portugueses.

No entanto, até meados do século, é mais frequente encontrar a grafia "escoteiro" em livros e jornais portugueses. Curiosamente, esta é uma das questões onde nunca houve consenso nos diversos acordos ortográficos. Os brasileiros sempre escreveram "escoteiro".

Esta diferenciação nunca foi objecto de polémica, até porque os escoteiros consideram-se irmãos entre si e os valores da fraternidade escotista estão muito acima de meros preciosismos etimológicos. Pelo contrário, os escoteiros até consideram vantajosa a existência das duas grafias, pois assim se torna muito mais fácil identificar a que associação pertence o adepto dos ideais de Baden-Powell.

(...)

Carolina Stuchi Brasília-Brasil 1K

Gostaria de saber se o texto Perguntas à Lingua Portuguesa é realmente do Mia Couto, pois pretendo utilizá-la na epígrafe de minha tese de doutorado sobre os estados periféricos. Se a resposta for afirmativa, como vocês me orientam a citá-lo, já que ele parece não fazer parte de uma obra?

Gustavo Lopes Portugal 680

Não sei se este é o local adequado, mas não encontrei outro.

Queria felicitar-vos pelo novo "site", que tem um desenho francamente melhor e está mais bem organizado.

Queria só dizer que havia em outros sites muitos "links" a perguntas/respostas no "site" antigo que foram quebrados com o actual reendereçamento. Seria uma medida positiva reencaminhar os endereços antigos para os novos. Na maioria dos casos, isto é uma questão trivial do ponto de vista técnico (é só colocar uma regra de reescrita).

Andreia Matos Portugal 3K

Para ordenar alfabeticamente vários títulos de obras da minha biblioteca, devo considerar os artigos (definidos e indefinidos), as preposições (e, para, ao, etc.) como 1.ª palavra a ordenar, ou devo colocá-los entre parêntesis a seguir aos nomes na listagem? Agradeço que considere os seguintes exemplos: "Os meus filhos...", "Uma aventura...", "Ao acaso", "De cima para baixo", "Para os meus filhos".

Cristina Almeida Portugal 2K

Tenho um pedido a fazer. Faz alguns anos deixei os estudos em stand by e agora decidi candidatar-me ao ensino superior. Para tal necessito de efectuar o exame nacional de língua portuguesa, e como estou emigrada gostaria de saber se me poderiam dar umas luzes sobre a matéria a estudar e as obras dadas este ano no 12.° ano... tenho o manual do ano passado mas toda a informação suplementar é bem vinda.

António Meirelles do Souto Portugal 1K

Não é pregunta (ou pergunta) o motivo de vos incomodar hoje, mas, tão somente, um desabafo, comentário, nota ou qualquer outro termo que se julgue mais apropriado à questão.

O aspecto gráfico da página (e não sítio e, muito menos, "site") anteriormente usada (creio que vinha da origem, mas não já posso garantir, o tempo...e a idade...) era muito mais sugestivo e tornava qualquer pesquisa mais fácil; mas foi julgado correcto a sua substituição pela actual.

Gostos e critérios!... "De gustibus non est disputandum"...

Os mestres é que deviam saber!...Mas, há, sempre, os "Velhos do Restelo"!...

Hesitei muito, muitíssimo mesmo, antes de alinhavar estas linhas

Peço desculpas pela interrupção que causei às vossas meditações, ilustres Sábios e Mestres...

Dizendo "Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa" termino esta ousadia: ter perturbado o vosso pensamento.

Ad Maior Gloria.

Salve!

Renato Latas Técnico Superior de Recursos Humanos Portugal 886
Bom dia!

Os meus parabéns pelo contínuo esforço de 10 anos a elevar o nível de entendimento da nossa língua materna, em todas as suas variantes desconstrutivas. As maiores felicidades para o futuro!!

Mas, em relação à nova página, queria pedir para não desactivarem a pesquisa por data. Eu tinha o hábito de ver todas as perguntas efectuadas, mês a mês, e depois, se alguma suscitasse o meu interesse, consultar a resposta dada. Neste novo formato deixámos de ter essa possibilidade. Se for possível era uma facilidade muito útil.
Francisco Costa Portugal 898

Antes de mais, parabéns pelo trabalho e pelo novo sítio, que, parece-me, permite mais funcionalidades. No entanto creio que há pelo menos uma que se perdeu.

Hoje é o primeiro dia que aqui venho depois das alterações e não consigo ver as respostas por ordem cronológica, ou seja, as respostas dos dias anteriores separadas por meses. Até agora tenho feito aqui visitas sempre que me é possível, embora muitas vezes isso queira dizer ficar uma semana e até mais tempo sem consultar o sítio. No entanto, faço questão de "apanhar a matéria" no ponto onde a tenha deixado, mesmo sem ter nenhuma dúvida em concreto para pesquisar, e percorro as respostas que tenham surgido desde a última visita. Agora creio aparecerem destacadas apenas as respostas do dia, enquanto todas as outras, sejam de há uns dias ou de há uns anos, estão misturadas dentro das categorias e apenas passíveis de serem encontradas por pesquisa concreta do tema.

Seria possível remediar este assunto de modo a que possa continuar a consultar o Ciberdúvidas do mesmo modo que o fazia antes, talvez acrescentando um filtro/ordenação por data, em que só ficassem disponíveis as respostas anteriores/iguais/posteriores à data seleccionada, independentemente da categoria?

Lorenzo Salvioni Itália 4K

Sou um italiano que fez questão de aprender Português (ainda por cima sozinho), única e simplesmente por gostar do idioma. A meu ver, mais do que com o uso excessivo de palavras estrangeiras na linguagem cotidiana (refiro-me, claro está, ao projeto-lei da autoria do deputado Aldo Rebelo), os brasileiros que querem defender a língua nacional deveriam se preocupar com a atitude das autoridades do seu país, que nos últimos anos têm impulsionado constantemente o ensino do Espanhol nas escolas sem, contudo, exigirem reciprocidade dos seus homólogos uruguaios, paraguaios e, principalmente, argentinos, posto que esses últimos não estão apoiando suficientemente a inclusão do Português nos currículos escolares do seu país, apesar do grande interesse que os alunos dali têm manifestado pelo idioma. Ida Rebelo, embora recitando o papel de defensora da língua portuguesa, não só não denunciou o caráter em boa parte unilateral da política governamental de difusão do castelhano no Brasil, mas antes qualificou essa última de tardia! Ora bem,isso vem comprovar que na base da polêmica e da cruzada linguística por ele desencadeadas estão motivações demagógicas, mais do que o amor à Língua Portuguesa. A meu ver, o fato de muita gente recorrer frequentemente a estrangeirismos não deve ser visto, em si só, como um fenômeno prejudicial; os brasileiros que se preocupam com a defesa de seu idioma deveriam antes dirigir suas ações e denúncias contra exemplos muito mais graves de submissão linguística e cultural, como é o caso do filme de Babenco Brincando nos campos do Senhor, o qual inclui uma cena em que um padre brasileiro responde, em inglês, «Por sorte minha, eu não falo apenas Português», à tentativa desajeitada dum missionário estadunidense, recém-chegado ao Brasil, para se lhe dirigir em Português. Como pôde ser autorizada a rodagem no território brasileiro dum filme cujo guião contém uma frase desse tipo?! Como puderam ser permitidas sua dobragem e difusão no país cujo idioma ele tão gratuita e descaradamente ofende?