Correio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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João de Brito Professor Portugal 1K

Entristece-me esta luta fratricida, esta espécie de guerra civil, que deflagrou no país dos que amam a Língua.

É que, como em todos os conflitos do género, não nos damos conta de que não há motivos para tal.

O que mudou não tem importância nenhuma. A frase e a prosódia, as palavras e a sua musicalidade permanecem intocadas. Os pormenores de grafia em que se mexeu não têm importância nenhuma.

Conclusão:

O AO não tem qualquer relevância linguística.

É, puramente, uma questão de política económica!

Falemos de outras coisas…

Cf. Repreensão ao Ciberdúvidas e Acordo Ortográfico: esquisso do acordista

Rui Miguel Duarte (doutorado em Literatura) Portugal (Lisboa) 3K

O Ciberdúvidas é um instrumento que descobri e conheço há vários anos, e ao qual recorro com proveito, sempre que uma dúvida a respeito da língua (seja morfológica, sintáctica ou a nível de locuções) me surge no meu percurso de escrita.

Todavia, ultimamente, assiste-se a um crescendo de má-fé, por insistir numa mesquinha "campanha" contra o jornal  "Público" –  «jornal que faz do Acordo Ortográfico o pior que aconteceu à língua portuguesa», como se lê na publicação de José Mário Costa (J.M.C.), intitulada «Uma moral fortemente abalada», na qual o autor comenta um erro de concordância com a palavra moral, cometido em Editorial deste jornal.

O comentário poderia, com efeito, ter-se ficado pela sinalização do erro, acompanhada pela explanação dos dois lemas vocabulares moral, um do género masculino e outro do feminino. Uma coisa é dar conta de erros cometidos com uma intenção didáctica, procurando com isso fomentar o correcto uso da língua portuguesa, e o esclarecimento dos seus falantes e escritores. Este é o objectivo do portal.

Todavia, J.M.C. seguiu por outro percurso: denegrir algo ou alguém que tem sobre um assunto opinião diversa da nossa. O Ciberdúvidas, dando provas de tremenda, infantil mesquinhez, optou pela segunda via. Deixou de ser científico e pedagógico, para, a partir de um único erro, um único, pôr em causa o todo de um jornal prestigiado e um dos diários generalistas preferidos dos Portugueses. Para lançar um ataque ser se colocar ao serviço do mais soez  panfletarismo e dando curso ao mais reles espírito de vingança.

A firme e democrática posição do "Público" em prol da qualidade e da estabilidade do sistema ortográfico claramente perturba o Ciberdúvidas e, mormente, J.M.C. – o qual exibe incompreensível animadversão pelo referido jornal.

Ao mesmo tempo que verbera e zurze o "Público", o Ciberdúvidas – numa prova de grotesca parcialidade – não faz qualquer referência aos barbarismos que o Expresso e outros meios e entidades que - supostamente  - grafam segundo o AOLP90. Não se ouve nem se lê uma palavra no Ciberdúvidas acerca dos *patos (por pactos), *impatos (por impactos) *compatos (por compactos), *adetos (por adeptos), *fatos (por factos), *factos (por fatos), *contatos (por contactos), *adatações (por adaptações), *conveções (por convecções), *retos (por reptos), *fição (por ficção), *seção (por secção) - et caetera et ad nauseam -, com que o Diário da República, CPLP, a Administração Pública, a Lusa, o "Expresso", o "DN", o "Record", "A Bola" e outros "abrilhantam" a língua portuguesa.

Vergonha, Ciberdúvidas! Contemplem o resultado de uma reforma "ortográfica" deficiente, lançada sem preparação adequada e sem instrumentos de suporte. Abram os olhos, abandonem a vossa mesquinha e cega parcialidade e vejam o estado de choldra ortográfica que se vive em Portugal.

Porque é de vergonha que se trata, e de violação dos propósitos do portal. Pode o Ciberdúvidas escolher, conscientemente, "adotar" o Acordo Ortográfico, por razões que só pode justificar cientificamente. Mas deve prestar-se ao esclarecimento, da serenidade científica, aberta à exposição dos vários de vista, mesmo que não coincidentes com os seus "oficiais". Não pode é prestar-se àquilo que, pela pena de J.M.C., fez: o comentário ideológico, censório, inquisitorial, como se defendesse um dogma, a invectiva ad hominem.

Merece, por isso, esta repreensão, aconselhando-se a que mude de atitude.

N.B. – Em defesa da Língua Portuguesa o remetente não adopta o Acordo Ortográfico de 1990 por este ser incoerente, inconsistente e inconstitucional, além de, comprovadamente, estar a promover a iliteracia em publicações oficiais, na imprensa e na população em geral.

 

João de Brito Professor Portugal 6K

É preocupante o que se denuncia em "Os erros de escrita não são inevitáveis", mas considero os erros de sintaxe ainda mais preocupantes que os ortográficos.

Em todos os meios de comunicação [portugueses], com frequência cada vez maior, os nossos líderes exprimem-se como se segue:

«(Os nossos avós têm experiências) que são importantes partilhar.» [Renato Pais, pedagogo; em "Jornal de Notícias", 26. 12. 2012, pág. 8]

  Será pacífico que o referente desta predicação subordinada não são as experiências dos avós, mas a sua partilha. Por isso, o sujeito é partilhar e o que é complemento direto. Como o predicado concorda, em número, com o sujeito e não com o complemento direto, a predicação terá de ser: … que é importante partilhar (equivalente a … partilhá-las é importante).

José Cardoso Portugal 1K

Depois de dias de incerteza e inquietação, li a (maravilhosa) notícia que assegura a continuidade do vosso trabalho.

De facto, é muito reconfortante assistir ao reconhecimento do valiosíssimo trabalho que nos prestam, mais a mais, num tempo "cego" como este.

Boas férias!

Fábio E. S. Vasco 3K

Venho por este meio manifestar a minha total preocupação e revolta relativamente a um eventual (segundo dizem, quase certo) fim do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Acho repugnante (à falta de outro adjectivo) que permitam que um serviço de excelência e inegável contributo para a defesa da nossa língua termine desta forma vergonhosa…

Se pudesse, dalguma forma, contribuir para que este valioso projecto, que, de resto, acompanho há anos e quase diariamente, continue, fá-lo-ia, mas a única forma que, para já, tenho ao dispor é esta – exprimir a minha surpresa perante esta notícia perturbante...

Faço votos sinceros e sentidos de que o sítio do Ciberdúvidas perdure, pois acredito que a sua ausência – apesar do vasto arquivo electrónico que disponibilizam a todos, mundialmente, através do site – é uma verdadeira “facada” na preservação da nossa cultura linguística e um desrespeito pelo povo português que, ao contrário de muitas pessoas, se “autoinstrui”, difunde e defende o idioma luso, como eu!... E uma língua com a importância da nossa merece que existam trabalhos destes, feitos por pessoas extraordinárias e devidamente reconhecidas!...

Tenho aprendido imenso com este sítio nos últimos anos e divulgo-o sempre que posso, com o maior sorriso de orgulho na cara!...

Agora, por favor, não deixem que este meritoso trabalho termine!

Muito obrigado!

E, mais uma vez, os meus parabéns ao Ciberdúvidas! E vivam os seus precursores!

* Mensagem deixada no Facebook do Ciberdúvidas (escrita conforma a ortografia de 1945).

Ana Maria Felippe, pós-graduada em Filosofia, UFRJ Rio de Janeiro, Brasil 1K

Não posso deixar de me manifestar diante da página de Abertura Ciberdúvidas: o eterno retorno do risco de extinção, bem como do editorial Ciberdúvidas, um projecto em risco, que aponta e lembra sobre o risco de extinção deste sítio/proposta/produto que é fundamental para o planeta.

Ninguém pode desconsiderar a importância da língua portuguesa no e para o mundo; ainda mais se consideramos a notícia, na mesma página de Abertura, informando que «dezasseis universidades da República Popular da China lecionam o português. E, em Macau, quantos autores persistem em escrever na língua de Camões?»

Além do mais, o avanço que o Brasil vem alcançando em nível internacional (em todas as frentes) é importante fator de justificativa para o mantenimento do sítio/site que, sendo de origem portuguesa, é também nosso, por razões históricas (BR-PT) e devido à abertura total de fronteiras em tempos de rede de Internet.

Não trabalho qualquer texto sem estar com Ciberdúvidas já aberto, para a consulta que se fizer necessária. Sei que outros/as professores/as e acadêmicos/as fazem o mesmo, indicando o site para alunos/as.

Não tenho ideia de "como" seguir, mas o que sei é que o mundo, o planeta precisa de vocês, apesar da crise que foi imposta a países "menores" na Europa.

M.F. Lopes Portugal 993

Ao abrir o Ciberdúvidas, estranho que já parta de férias, e depois vejo porquê – nada li nos jornais.

Não é possível o Ciber acabar! Como professora de Língua Portuguesa e revisora, é a ele que recorro, já que os portugueses – também na língua – são desmazelados: não há dicionários, (quase) não há gramáticas, nem VOP que nos valham – o único tira-teimas é o Ciber. Como invejo os franceses!

Por isso, há que tocar a rebate: nos jornais, nas TV, uma petição, esta por um muito bom motivo. Não fazer nada é que não! Como mísera e mesquinha cidadã, não vejo como posso ter voz, mas o Ciber tem de fazer alguma coisa!

Termino com felicitações pelo bem que fazem à língua e com o meu maior agradecimento pelas dúvidas que me esclarecem!

Luís Cardoso Portugal 2K

Quero realçar o excelente labor de Eunice Marta que tem tido em todos os esclarecimentos:

Claros, sabedores, concisos, bem fundamentados. [...]

A propósito, entretanto, da resposta sobre a expressão «ter a mania», os latinos, com toda a propriedade, diziam o seguinte para definirem gente assim: Laus in ore proprio villescit.

Parece que ninguém acredita nem dá importância a isso!

 

Alberto Manuel Sebastião Belo Angola (Luanda) 1K

Que português usar? O europeu? Ou o brasileiro?

João de Brito (Professor) Portugal (Vila Real) 2K

Prosseguindo a nossa reflexão e a nossa partilha, hoje vamos falar de «o complemento oblíquo e as preposições».

Outro filho bastardo do tratamento fragmentário da comunicação linguística é o complemento que, pela abordagem enviesada de que é vítima, só podia mesmo ser oblíquo.

Consideremos a sua versão preposicional.Numa perspetiva sistémica, as preposições, que supostamente o introduzem (supostamente preposições e supostamente introdutoras), não são mais nem menos que conetores de predicado, entre o predicador e o nome ou a expressão que se segue, construindo uma unidade de sentido. Temos, assim, numa visão integrada, conetores de narrativa/texto (… em primeiro lugar… no dia seguinte … lá chegados … concluindo e resumindo …), conetores de oração (conjunções) e conetores de predicado (apelidados de preposições, mas que não são preposições, nem posposições, mas sim interposições, se quisermos entender-nos nesta nomenclatura espacial, muito do agrado das gramáticas que por aí andam, mas pouco adequada à natureza semântica da comunicação verbal). Diz-nos a lógica, e até a intuição, que a coesão linguística não pode terminar na relação das frases/orações entre si, pela simples razão de que as relações semânticas prosseguem no interior de cada uma. Não podemos alterar o modelo de análise a meio do processo, sob pena de não atingirmos o objetivo. Na matemática, isso é claro e ninguém contesta: no meio de um cálculo, ninguém muda a unidade de medida…

Vejamos:

- Ir a Braga
- Ir ao cinema
- Ir de carro
- Ir à boleia
- Ir a pé
- Ir de pé
- Ir de palhaço
- Ir a gosto
- Ir ao médico
- Ir à fonte
- Ir à…

Complemento?!... Oblíquo??!!... Não! Trata-se de algo muito mais central, muito mais íntimo, muito mais necessário à constituição do predicado! Relativamente ao velhinho e gasto complemento circunstancial, foi pior a emenda que o soneto!