DÚVIDAS

Pronúncia do português vs. pronúncia do castelhano

Leio num correio que comenta uma opinião de Carlos Reis: «Se a variante brasileira tem vantagens nas vogais, se perde totalmente nas consonantes e na redução da variedade de sons. Depois não usa de artefatos para articular as palavras umas depois das outras. O espanhol, melhor o castelhano, usa e as reflete na escrita (ou = "o" ou "u", e = "y" ou "e", a = "la" ou"el", etc.). O português usa mas não as escreve («a(y)alma», «a agricultura» = "àgricultura", etc.) Estes artefatos podem parecer supérfluos, mas são fundamentais para a agilidade de uma língua...»

Comento: Pode ser que o que diz do português no Brasil seja certo. Não o discuto. Mas o que diz do castelhano é meio certo. Também no castelhano há essas pronúncias "embutidas", por que uma palavra fica ligada à seguinte: «la agricultura» soa «lagricultura», por ex. Tanto que são frequentes, na oralidade popular, segmentações falsas, como: «la moto»> «el amoto», pl. «los amotos» e mesmo diminutivo «los amotitos». E assim «la rádio» > «el arradio»... Sem contar que mesmo em oralidade culta ficam elementos sem serem pronunciados: "Israel" > "Irrael". Enão digamos nas pronúncias andaluzas: «las vacas» > «lafaca», etc., etc. Em todas as línguas dão-se os fenómenos que podem denominar-se sândi ou, em francês, liaison, ligações entre elementos vocálicos ou consonânticos contíguos. O castelhano não escapa deles.

Resposta

Agradecemos ao consulente por nos revelar alguns segredos da pronúncia castelhana que, afinal, têm algum paralelo com certos fenómenos das diferentes pronúncias do português.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa