Vendo-se uma qualquer telenovela brasileira, do lado de cá do Atlântico, sente-se logo a diferença na fala dos atores: a) a abertura das vogais átonas pretónicas (màrido, pàrece); b) a pronúncia do e final dos...
José Neves Henriques (1916 - 2008), professor de Português; consultor e membro do Conselho Consultivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Antigo professor do Colégio Militar, de Lisboa; foi membro do Conselho Científico e diretor do boletim da Sociedade da Língua Portuguesa; licenciado, com tese, em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa; foi autor de várias obras de referência, entre as quais Comunicação e Língua Portuguesa e A Regra, a Língua e a Norma (Básica Editora).
Vendo-se uma qualquer telenovela brasileira, do lado de cá do Atlântico, sente-se logo a diferença na fala dos atores: a) a abertura das vogais átonas pretónicas (màrido, pàrece); b) a pronúncia do e final dos...
Sobre as frase em causa, vejamos:
A frase a) tem as palavras na ordem sintáctica normal. Por isso, a frase b) leva-nos a pô-la de lado, discordando do modo como se encontra formada sintacticamente no que respeita à posição dos vocábulos:
«O candidato passei a ser eu.»
Se o sujeito desta oração é "o candidato" e não "eu", a forma correcta do verbo é passou e não passei. É assim que muitos argumentam.
São muitos e variados os erros de língua portuguesa que se ensinam por aí. Aqui e agora, apreciemos alguns deles, mas, antes, permita-se-me uma nota prévia: não identifico as obras e os autores que vou criticar, apenas os cito, pois nunca quis nem quero melindrar pessoalmente ninguém.
Debrucemo-nos, então, sobre alguns desses erros...
1 – Há quem diga que a gramática ensina a falar e a escrever correctamente.
Esta querela à volta da vírgula de Saramago já vai longa, mas seja-me permitido por uma última vez pronunciar-me e, em particular, respondendo ao último texto da dr.ª Maria João Matos.
Vejamos, então, mais uma vez a frase do nosso escritor:
"Uma língua que não se defende, morre."
Sim, podemos considerar este se como uma partícula apassivante - certíssimo. Coisa engraçada!... Quando dei a minha resposta pensei nas duas classificações: partícula apassivante ou pronome indefinido?
Voltando à querela da vírgula de Saramago e ao último texto da dr.ª Maria João Matos, talvez que na frase «Uma língua que não se defende, morre», a oração relativa não tenha as características bem marcadas de oração restritiva. Vejamos as seguintes frases:
a) Uma língua que não se defende, morre.
b) Um homem que não se defende, morre.
Suponhamos a seguinte situação: (...)
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