O Programa do 1.º Ciclo do Ensino Básico, para o 4.º ano de escolaridade, tem como uma das competências a desenvolver «Distinguir sons vocálicos e consonânticos». Esta distinção tem apenas a ver com as vogais (sons vocálicos) e as consoantes (sons consonânticos), ou com o encontro de duas vogais (ditongos) e duas consoantes (dígrafos)?
Agradecia que me esclarecessem, para não cair em erro.
Desde já obrigada.
Os programas de Português precisam, por vezes, de ser analisados em conjunto com outros documentos que o Ministério da Educação tem divulgado. Com efeito, se no programa propriamente dito se indica, para o 3.º ano (p. 164), «Identificar diferentes sons da Língua (vogais e consoantes)» e, para o 4.º ano (p. 165), «Distinguir sons vocálicos e consonânticos» (o que de alguma forma pode indicar uma maior complexidade da abordagem no 4.º), é no documento do Programa Nacional do Ensino do Português (PNEP), intitulado O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Linguística, de Inês Duarte, que se explicita qual o conhecimento que os alunos deverão ter no final do primeiro ciclo. Aí se diz que, no final deste ciclo, os alunos deverão ter trabalhado e aprendido (p. 21):
Além da comparação entre estes dois documentos, é produtivo analisar as Orientações didácticas para o trabalho de Funcionamento da Língua em sala de aula: Parte I – Conteúdos de Funcionamento da Língua por Ciclo e por Nível de Ensino, de Olívia Figueiredo e Vítor Oliveira.
Na página 4 deste documento, vemos que, embora o conceito de semivogal seja remetido para o 2.º ciclo (e, aqui, diverge do texto de Inês Duarte…), no 1.º ciclo se trabalham já os ditongos.
Por outro lado, todos os documentos falam de sons e não de grafias, pelo que imagino (não tenho experiência de primeiro ciclo…) que todas as formas diferentes de grafar um som estejam incluídas no 4.º ano.
Assim, parece-me que por sons vocálicos se deverão considerar todas as realizações e valores, digamos assim, que adquirem as cinco vogais do alfabeto para grafar os diversos sons que as vogais adquirem e possibilitam, incluindo a ocorrência em hiato, como em voo, ou em ditongo, em que uma das vogais diminui o seu valor para semivogal. Como sons consonânticos teremos os sons que as consoantes do alfabeto, mediante as mais diversas formas de grafar, permitem. E aí inseriremos os dígrafos, mas não só, pois várias são as consoantes que dão origem a mais de um som. Estou a pensar, por exemplo, nas letras s, r ou x…
Bom trabalho!
