A palavra em questão aparece registada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) e no Vocabulário Ortográfico do Português (VOP) com a grafia buzaranha, com z. José Pedro Machado (Grande Dicionário da Língua Portuguesa) regista-a com a mesma grafia, com os significados de «grande ventania, vendaval» e, no plural, «coisas fantásticas, que se apresentam aos olhos de quem tem muita febre».
No entanto, a palavra tem sido recolhida em trabalhos sobre falares regionais portugueses, nem sempre mantendo a grafia acima, que é a normativa e a que deve ser usada. Saliento outros registos (mantenho as ortografias originais), que revelam também ter esta palavra variações regionais, fónicas e semânticas, como é o caso de "bezaranha", apresentado pelo consulente:
José Joaquim Nunes, "Dialectos algarvios (Lingoagem do Bárlavento1 [sic])", Revista Lusitana, VII, 1902, pág. 111: «busarãnha ou besarãnha, vento forte e aspero»
Pombinho Júnior, "Vocabulário alentejano (subsídios para o léxico português)", Revista Lusitana, XXVI, 1925-1927, pág. 83: «buzaranha, s[ubstantivo] c[omum] de dois — Pessoa ou animal muito feio. O mesmo que rabuzana. — O pequeno, coitado, só os pais o podem achar bonito; êle é um buzaranha! (Colhido em Beja. Us[ado] em Beja e Serpa).
Abel Viana, Subsídios para Um Vocabulário Algarvio, separata da Revista de Portugal, 1954, pág. 18: «busaranha: "ventania forte e fria"»
Guilherme Augusto Simões, Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1993: «buzaranho: Vendaval; rajada de vento (Portimão) e Lagos [...]; coisas fantásticas, que se apresentam aos olhos de quem tem muita febre (transm[ontanismo]) [...]; abantesma [...].»
1 Como explico, mantenho a ortografia original, mas não quero deixar de assinalar o acento agudo em sílaba átona, inadmissível na ortografia contemporânea.