Como na frase em questão o verbo sonhar é seguido de outro verbo no infinitivo (sonhar + infinitivo), há duas formas possíveis para o mesmo enunciado:
«Com tantos pecados cometidos, nem sequer posso sonhar subir ao reino dos céus» e «Com tantos pecados cometidos, nem sequer posso sonhar em subir ao reino dos céus.»
A sintaxe do verbo sonhar, significando «desejar» e/ou «entregar-se a fantasias», prevê três construções:
— sem preposição (+ sintagma nominal ou verbo no infinitivo):
«O seu primo sofre muito porque sonha o impossível.»
«Há mulheres que sonham encontrar o príncipe encantado.»
«O meu primo sonha ter poderes mágicos.»
«Sonho viajar por todo o mundo.»
— com a preposição em (somente seguida de verbo no infinitivo = + frase não finita):
«Sonho em viajar por todo o mundo.»
«O meu primo sonha em ter poderes mágicos.»
— com a preposição com (somente com sintagma nominal):
«O seu primo sofre muito porque sonha com o impossível.»
«Há muito que aquele físico sonha com o Prémio Nobel.»
«A menina ainda sonha com fadas e unicórnios que falam com ela.»
Nota: Estas formas/regências são comuns à variante europeia do português e à do Brasil. Assinala-se, ainda, uma resposta em que se coloca a hipótese da ocorrência de «sonhar com» + infinitivo, por analogia com os casos de «sonhar com» + sintagma nominal.
Fonte: Dicionário Gramatical dos Verbos Portugueses, da Texto Editores, 2007.