Em grupos introduzidos por preposição e valor adjetival, usa-se a preposição de, mas também se aceita com: «de/com cara séria». O mesmo acontece com outras expressões: «Vim para casa de mãos a abanar/com as mãos a abanar.» Nota-se também que, quando se usam estas expressões, a construção com a preposição com admite uma expressão nominal determinada por um artigo definido ou indefinido («entrou no carro com a/uma cara muito séria»).
Esta dupla possibilidade é descrita por Rodrigues Lapa, na Estilística da Língua Portuguesa (Coimbra Editora, 1979, pág. 118), para comentar e criticar a influência francesa nestas estruturas de valor adjetival (sublinhado meu):
«[...] Veja-se este passo de Eça, escritor grande entre os grandes, o maior estilista português, presente sempre no nosso trabalho:
«Dizia o diplomata, no seu português fluente, mas o acento bárbaro.»
O escritor português foi atrás da construção francesa e atraiçoou, desta vez, o génio da língua. Mais portuguesmente, empregaríamos neste caso a preposição: "de acento bárbaro" ou "com acento bárbaro", sendo, em todo o caso, melhor a primeira forma que a segunda.»