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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Prossegue o plano de desconfinamento em Portugal, se bem que entre constantes preocupações com o impacto da pandemia e com retrocessos em alguns concelhos. É o caso de Odemira, onde um surto atinge os trabalhadores rurais imigrantes e expõe um quadro de abusos laborais. Mas com a covid-19 também proliferam formas de trabalho à distância que pedem regulação, as chamadas «regras e direitos para teletrabalho», expressão que, na rubrica A covid-19 na língua, se soma a outras quatro, num conjunto de cinco novas entradas: «custos da covid-19», a marcar preocupações com o estado da economia; e, em referência às dificuldades que comprometem diversas atividades desportivas e as festas tradicionais mais próximas, «impactos da covid 19 no desporto» e «marchas populares» (as de Lisboa, em junho, que em 2021 continuarão suspensas); e, por último, vinho, a documentar, em Portugal, o impacto negativo da pandemia na vinicultura.

2. Apesar dos muitos constrangimentos, o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 5 de maio, teve manifesto impacto nos diferentes países que a usam e/ou lhe dão estatuto oficial. Em O Nosso Idioma, apresenta-se uma seleção de peças jornalísticas publicadas em Portugal nessa data e respeitantes ao tema (ver aqui, aquiaqui e aqui). Também no Brasil se assinalou a comemoração (ver aqui), tal como aconteceu, aliás, em Cabo Verde e Timor-Leste, com mensagens oficiais (aqui e aqui). Na imagem ao lado, fotograma do vídeo sobre sotaques realizado em 2017 por Miguel Gonçalves Mendes, a partir de O Paraíso São os Outros de Valter Hugo Mãe.

No contexto do ensino, entre várias iniciativas, mencione-se a edição especial da revista L/Atitude, inteiramente dedicada ao Dia Mundial da Língua Portuguesa de 2021 (acesso aqui). Trata-se de uma publicação da Direção de Serviços de Ensino e das Escolas Portuguesas no Estrangeiro (Direção-Geral da Administração Escolar, Ministério da Educação de Portugal).

3. O uso correto das preposições é um dos muitos desafios enfrentados por quem estuda o português como língua estrangeira. Na rubrica  Montra de Livros, apresenta-se um livrinho que ajuda a enfrentar esse problema: trata-se de Preposições em Ação, uma edição da Lidel em 2021.

4. Estará correto o uso (sobretudo) brasileiro de feito como conjunção – por exemplo, como em «chorou feito um bebé»? Na presente atualização do Consultório, responde-se a esta e outras seis perguntas, distribuídas por diferentes facetas do funcionamento da língua – da sintaxe às classes de palavras e à morfologia (derivacional), passando pela variação linguística (ver aquiaqui e aqui) e pela ortografia.

5. Nos três programas dedicados pela rádio pública de Portugal à nossa língua comum, têm relevo os seguintes temas:

♦ O ensino da língua portuguesa em contextos multilingues», uma entrevista com a professora Luísa Moreira, membro do Conselho Diretivo do Observatório da Língua Portuguesa – em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 7 de maio, pelas 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*), que inclui ainda a crónica da professora Edleise Mendes sobre a celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa.

♦ A natureza policêntrica do português, numa participação da professora Margarita Correia, e o ensino do português em Angola, numa entrevista ao reitor da Universidade Independente de Angola, professor Filipe Zau – no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 9 de maio, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 15 de maio, às 15h30*). Este programa conta igualmente com a crónica da professora Carla Marques sobre a palavra vulnerável.

♦  No programa Palavras Cruzadas, também na Antena 2, de  segunda, dia 10/05, a sexta-feira, dia 14/05, às 9h50* e às18h20* (ficando o programa disponível  posteriormente na RTP Play), Dalila Carvalho tem como convidado o desembargador no Tribunal da Relação de Évora, António Latas – à volta dos nomes, termos e demais formalismos lexicais usados numa sala de audiências.

*Hora oficial de Portugal continental.

6. Deixamos um registo de pesar pelo falecimento, por cancro, do ator português  Cândido Ferreira (1948 – 2021)  – lembrando a sua participação num dos primeiros episódios do magazine televisivo Cuidado com a Língua!, no papel de um sapateiro:

 

 

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1. Celebra-se no dia 5 de maio o Dia Mundial da Língua Portuguesa, evento que contou com a sua primeira comemoração no ano de 2020, após a consagração da data pela UNESCO em novembro de 2019. Assinalado por uma comunicação especial do secretário-geral da ONU, o português António Guterres, as redes externas ao Camões, I.P. dedicam o dia com a realização de mais de 150 atividades, distribuídas por 44 países. Por sua vez, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encontra-se a promover um ciclo de debates em torno do tema «Promoção e Difusão da Língua. Estratégias Globais e Políticas Nacionais» (sessões realizadas entre abril e maio de 2021; mais informações aqui). Em Portugal destacam-se o Lisboa 5L – um festival literário que se propõe celebrar simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura – e o Seminário Comemorativo do Dia Mundial da Língua Portuguesa, coorganizado pela Câmara Municipal de Guimarães e pela Universidade do Minho, com lugar no Centro Cultural Vila Flor. Refira-se ainda que a Associação FORGES se encontra, neste âmbito, a promover a Semana da Língua Portuguesa, que engloba o «Ciclo de debates ensino superior em questão no espaço da língua portuguesa», entre 5 e 7 de maio, numa coorganização com a ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação, com sede no Brasil (os debates poderão ser acompanhados aqui). A professora universitária Margarita Correia publicou também um texto alusivo a esta data, intitulado «O que queremos desta língua» (aqui transcrito, com a devida vénia).

Vide ainda a informação  prestada pelo ministro do Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, sobre  o primeiro dicionário de português de Moçambique; e o anúncio alusivo à comemoração do Dia Internacional da Língua  Portuguesa, aprovado pela UNESCO:

 

 

2. O percurso da pandemia leva agora o mundo a centrar a sua atenção no aparecimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, o que fica patente também no léxico com a criação de dois novos acrónimos: VOC e VOI. Em paralelo, as populações experimentam um sentimento de vulnerabilidade que se estende do plano sanitário às atividades económicas. O programa «Lisboa protege» é uma das respostas criadas para apoiar as empresas. Em simultâneo, continua a decorrer a campanha de vacinação, não sem alguns incidentes que, aqui e além, se associam à vacinação indevida. Esta situação levou à criação, em Portugal, da figura do controleiro. As quatro expressões destacadas integram a nova atualização na rubrica A covid-19 na língua

3. Na frase «não me enviem cartões a essas pessoas» está presente uma forma de dativo ético (ou de pronome de interesse), cujo papel se analisa nesta resposta. A atualização do Consultório contempla ainda a etimologia do nome papa, a identificação do subclasse do advérbio incrivelmente, a grafia de subsidiodependência, o uso de embora nas orações concessivas, a construção do verbo sacar com a preposição de e a relação entre atos de fala e a modalidade.  

4.  Marco Neves, professor universitário e tradutor, acaba de lançar um novo livro: História do Português desde o Big Bang. Na rubrica Montra de Livros, deixamos a apresentação desta obra que se propõe contar a história da linguagem humana desde os seus primórdios. 

5. No Pelourinho, disponibiliza-se um excerto da crónica de José Manuel Barata-Feyo, provedor do leitor do Público, que trata os sérios problemas de uma tradução mal conseguida. A propósito do título desta mesma crónica, «Viva as pandemias», refira-se, mais uma vez, que o uso da palavra viva é controverso. Com efeito, poderemos encontrar argumentos que justificam a invariabilidade da palavra por a considerarem uma interjeição, mas não é menos certo que, em frases desta natureza,  faz mais sentido considerar a forma viva como um verbo que tem como sujeito as expressão «as pandemias». Nesta linha, recomenda-se a forma «Vivam as pandemias». Refira-se, ainda, que sendo a forma viva tomada como simples saudação ou manifestação de alegria, assumindo-se como interjeição, deveria ser seguida de vírgula ou de ponto de exclamação, e o nome pandemias, não deveria ser antecedido de artigo definido: «Viva, (!) pandemias».

Cf. «Viva, sejam bem-vindos e vivam, sejam bem-vindos», «Vivam os noivos! (e não "Viva" os noivos!)», «Vivam os Açores!» e  «Morram as pandemias!»

6. A questão do desenvolvimento da linguagem artificial e as estratégias promovidas para construir modelos informáticos neste âmbito estão na base do artigo do professor universitário Arlindo Oliveira, sobre o processamento automático da linguagem e a sua relação com as línguas humanas (aqui transcrito, com a devida vénia). 

7. Em Madrid, decorrem, a 4 de maio, as eleições autonómicas, facto da atualidade que justifica recordar alguns textos disponíveis na plataforma do Ciberdúvidas: «Cairota, madrileno, etc.», ««Museu Reina Sofia»... porquê?» e «O significado de movida».

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1. Suspende-se em Portugal o 15.º estado de emergência, e entra em vigor a quarta e última fase do plano de desconfinamento, a partir das 00h00 do dia 1 de maio de 2021. Reinstaura-se agora a situação de calamidade, que marca o regresso na maior parte dos concelhos portugueses da prática de todas as modalidades desportivas e da atividade física ao ar livre, muito embora sem o dever cívico de confinamento (mais informação aqui). Entretanto, a covid-19 continua a grassar no mundo – a Índia continua a braços com uma segunda vaga catastrófica –, pelo que ainda é muito cedo para afirmar que o pior já passou. Assim vai a atualidade da pandemia, refletida pelas cinco novas entradas de A covid-19 na língua: «Desconfinamento, 4.ª fase», «É preciso (ainda) cerrar os dentes», «estado de emergência suspenso», «imunização vacinal» e «livro verde».

2. «Estou mortinho por ir ao teatro» é enunciado de gosto duvidoso nestes tempos ameaçadores, mas é também prova de vitalidade de uma expressão idiomática no idioma. Uma resposta sobre «estar morto/mortinho por» faz parte da presente atualização do Consultório, onde se esclarecem mais seis dúvidas: diz-se «oxalá corra tudo bem» ou «oxalá decorra tudo bem»?  E terá o poeta Alberto Caeiro dado um erro quando escreveu «o rebanho é os meus pensamentos»? Qual a função sintática de «no contexto» em «a expressão incomum no contexto»? Aceita-se usar essenciais como o mesmo que «coisas essenciais»? Falando das cidades da Grécia antiga, como se pluraliza o nome pólis? E, sobre o nome do rio que passa pela cidade de Leiria, será Lis a grafia mais correta?

3. Na rubrica O Nosso Idioma, a atenção incide sobre o caso de Póvoa de Varzim, que frequentemente se diz como "Póvoa do Varzim", erro que reflete uma oscilação do uso e omissão do artigo definido com topónimos, conforme assinala Carlos Rocha num pequeno comentário dedicado ao tópico. Na mesma rubrica, outro apontamento, vindo do Brasil, no qual o revisor Gabriel Lago critica o emprego monótono do demonstrativo isso e propõe estratégias para o não repetir. 

4. Assinalando já o Dia Mundial da Língua Portuguesa, decorre na capital portuguesa, entre 5 e 9 de maio de 2021, o Lisboa 5L  – um festival literário que se propõe celebrar simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura. Acontece por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, com o propósito de inscrever a cidade nos roteiros nacionais e internacionais dos festivais consagrados às letras, suas formas, seus lugares, seus públicos, seus agentes, seus amantes. O evento tira partido da vida cultural de Lisboa e conjuga o seu dinamismo com uma série de atividades organizadas propositadamente para o festival mas nascidas de um contexto que o precede. Toda a programação aqui.

5.  Referência, ainda, para os   festejos do 1.º de Maio, em que coexistem ritos ancestrais e a comemoração da luta sempre renovada por melhores condições de trabalho e pelo direito a salários justos. Em Portugal, como noutros países, a festa coincide com a primavera e, por isso, são recorrentes os motivos alusivos à época do ano e ao seu simbolismo, como sejam as maias que se penduravam (ou ainda se penduram) às portas e que se supunha terem o poder de esconjurar dianhos e demónios. A propósito deste feriado, desde 2020 condicionado pelas medidas de combate à covid-19, leiam-se: "Um «conjunto de diagnóstico» pelo 1.º Maio, o termo quotidianidade e os desafios da covid-19 enfrentados pelos professores", "Maio – festivo e sindicalista", "Um 1.º [de Maio] não é propriamente um 1.º [de Maio]" e "As abreviaturas dos meses do ano...".

6. Entre atividades relacionadas com a língua portuguesa que são notícia, tiveram relevo na semana que finda:

– Assinalando a publicação do seu novo livro História do Português desde o Big-Bang, o professor universitário e tradutor Marco Neves dinamizou também a primeira sessão de Conversas da Língua, um evento virtual com a participação do linguista Fernando Venâncio e de José Ramom Pichel, que debateram aspetos da génese e da variação do português.

– Incentivando a capacidade de apreciar cinema entre a população escolar e privilegiando também os filmes que fazem ouvir a língua portuguesa, os novos recursos do Plano Nacional de Cinema (PNC) – cadernos pedagógicos e uma plataforma de filmes para uso nos ensinos básico e secundário – foram apresentados em 29/04/2021 na Cinemateca Portuguesa, em sessão presencial e virtual. Estes recursos vão passar a estar disponíveis nas páginas do PNC – aqui.

7. Na rádio pública portuguesa, os temas centrais nos três programas focados na língua portuguesa:

–  A propósito do Dia Mundial da Língua Portuguesa, Elias Torres Feijó, professor da Universidade de Santiago de Compostela, Galiza, fala da promoção do português em contexto académico em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 23 de abril, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*),

– Igualmente à volta desta comemoração, a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, sublinha o papel do idioma português junto da diáspora repartida pelo mundo, e Carlos Fiolhais, físico teórico e ensaísta, refere-se ao seu uso como língua de ciência no Páginas de Português, transmitido na  Antena 2, no domingo, 2 de maio, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 8 de maio, às 15h30*). O programa conta com uma crónica da linguista brasileira Edleise Mendes.

– As formas de cortesia e as regras da (boa) etiqueta da comunicação são tema de uma conversa da jornalista Dalila Carvalho com a professora Maria Regina Rocha, no programa Palavras Cruzadas, entre 3 e 7 de maio p.f. (Antena 2, às 09h50 e às 18h20).

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1. Pelo mundo, a pandemia continua a dar sinais de evolução preocupantes, uma vez que, se há países que se encontram numa fase de recuperação da estabilidade, outros há que se encontram em verdadeiro estado de calamidade. É o que acontece na Índia, um país onde as infeções crescem descontroladamente e o número de mortos por covid aumenta a cada dia, atingindo números assustadores. Esta situação fica assinalada na rubrica A covid-19 na língua com a expressão «SOS Índia». A esta entrada juntam-se outras sete: «AstraZeneca processada», Fala, «2,5 mil milhões», Neurocovid, «Regresso aos palcos», «Vacinar o mundo» e «Venci a covid-19».   

2. As dúvidas relativas aos processos de formação de palavras e a ausência de algumas palavras do dicionário podem levar os falantes a acreditarem que determinados vocábulos não têm uma existência atestada. É o que acontece com as palavras sudestino e centro-oestino, cuja natureza se explica numa nova resposta que integra a atualização do Consultório. Outras dúvidas versam os seguintes aspetos: o uso da locução «assim que» com conjuntivo; o uso do artigo definido em «umas pessoas não comem gatos»; o valor do adjetivo no sintagma nominal «peculiar rei»; o recurso expressivo presente num verso do poema "O Mostrengo", de Fernando Pessoa; o significado de «já não é/era sem tempo». 

3.  A diversidade de programas com nomes ingleses nas televisões portuguesas, de «All together now» a «Hell's kitchen», passando por muitos outros, motiva a reflexão de José Mario Costa, cofundador do Ciberdúvidas, na rubrica Pelourinho.

4. Na Montra de Livros, divulga-se o Dicionário Técnico de Termos Alfarrabísticos, da autoria de Paulo Gaspar Ferreira (edição In-Libris), obra que constitui «um breve e útil dicionário destinado a quem por diferentes razões procura os livros antigos, como esclarece o autor».  

5. A palavra viver e os seus significados em contexto de covid-19 motivaram a reflexão da professora Carla Marques, apresentada na crónica divulgada no programa radiofónico Páginas de Português, da Antena 2 (aqui transcrita). 

6. Refletindo sobre a língua espanhola, a professora universitária e linguista Margarita Correia aborda a questão da sua relativa unidade, que se afirma como superior à da língua portuguesa. O estudo da história da educação e das universidades poderá ser o caminho para a compreensão da atual situação das línguas, aventa a autora no seu artigo (aqui transcrito com a devida vénia).

7. Associação de Professores de Português lançou um número duplo da revista Palavras (n.º 56-57). Nesta publicação, os leitores podem encontrar uma entrevista ao escritor e tradutor Paulo Faria, artigos dedicados a temas como a escrita processual e o ensino bilingue na Guiné-Bissau e ainda dois artigos dedicados às obras O ano da morte de Ricardo Reis e Memorial do Convento, de José Saramago

8. Entre as notícias de relevo para a língua, destaque para:

— O lançamento do programa das celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, assinalado no dia 5 de maio. Vide, ainda, a programação do 5L — Festival Internacional de Literatura e Lingua Portuguesa, que decorre em Lisboa entre 5 e 9/05 de maio de 2021. 

Lançamento da plataforma digital da conferência sobre o futuro da Europa, sob o mote «O futuro está connosco», na qual todos os cidadãos podem participar. Esta inclui também áreas como a educação ou a cultura.  

9. Assinalam-se no dia 27 de abril os quinhentos anos da morte do navegador português Fernão de Magalhães, facto que teve lugar no decurso da primeira viagem de circum-navegação, que este tinha iniciado três anos antes.

Sobre este tema, consultem-se as seguintes respostas e artigos: "Expansão da língua portuguesa"; "A influência do português no Oriente"; "A língua portuguesa no Brasil"; "Formação do léxico português no Brasil"; "A matriz negra da língua portuguesa no Brasil"; "A formação dos sotaques do Brasil"; "Língua portuguesa (emancipação do Brasil)"; "A dimensão africana da língua portuguesa"; "A nossa língua portuguesa"; "Influência do português nas línguas africanas"; "O português em Angola"; "A língua portuguesa em Angola"; "Português de Angola e Moçambique"; "O nosso império é a língua portuguesa"; "Será em África que teremos mais falantes de português"; "Que fazer com esta CPLP?"; "Os três círculos da lusofonia"; "Para as urtigas com a Lusofonia"; "Crioulos"; "As línguas crioulas"; "Crioulo, dialecto e pidgin"; "Dialeto, crioulo e patoá"; "As línguas crioulas de Cabo Verde e Guiné"; "A língua portuguesa e o crioulo cabo-verdiano"; "A teoria da simplificação e da relexificação do crioulo"; "Qual é a origem da língua cabo-verdiana?"; "Crioulo de Ceilão"; "Antigo crioulo"; "Uma língua à portuguesa no Sri Lanka?"; "O crioulo de Malaca";  "Diglossia".

                                                                                                                                                                                                                                      Retrato de Fernão de Magalhães, Kunsthistorisches Museum, Viena.

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1Assinala-se em Portugal o 25 de Abril, o golpe militar que em 1974 pôs fim a um regime ditatorial que durava desde 1926 e à Guerra Colonial, que se arrastava em África desde 1961. Na rubrica O Nosso Idioma, a professora e linguista Carla Marques refere-se ao 47.º aniversário deste acontecimento configurador do Portugal contemporâneo, com breves comentários a 47 palavras, de neologismos a anglicismos, modismos ou erros, que refletem e marcam estes tempos.

Na mesma rubrica, transcreve-se com a devida vénia um artigo do professor universitário e político Guilherme d'Oliveira Martins (Diário de Notícias, 20 de abril de 2021) sobre o cuidado a ter com a língua portuguesa como património cultural compartilhado pelos muitos milhões de cidadãos que a falam e escrevem em diferentes países.

2. Na Europa, Portugal incluído, acelera o processo de vacinação com vista à imunidade de grupo, entre apelos à cautela e à contenção no convívio social. Mas, em todo o mundo, a ameaça da pandemia continua no horizonte, e é neste cenário incerto que o Japão prepara os Jogos Olímpicos, já adiados em 2020. A denominação deste acontecimento desportivo associa-se assim ao conjunto de novas entradas em A covid-19 na língua, oito ao todo: «as vacinas não têm nacionalidade», autoagendamento, incumprimento, plano nacional de testagem, «todos metidos no mesmo barco», variante indiana e velório.

3. O Consultório é atualizado com oito respostas: a expressão «dizer que» e outros modismos semelhantes; a (pouca) diferença entre maltratado e «mal tratado»; a construção concessiva «faça o tempo que fizer»; a associação do nome prioridade a adjetivos em frases comparativas; o uso das formas compostas  e simples do pretérito mais-que-perfeito; o brasileirismo «o que que é isso»; o significado do verbo assistir quando referido a pessoas; e o funcionamento da concordância na sequência «todas quantas».

4.  23 de abril  é o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, assinalado internacionalmente com diferentes programa de eventos. É uma festa que coincide com a de S. Jorge, que, com o nome Diada de Sant Jordi, tem forte tradição na Catalunha, quando entre namorados ou em sinal de estima se trocam livros e rosas. Em Portugal, a Direção-Geral dos Livros, dos Arquivos e das Bibliotecas lança um desafio (DGLAB):  «Porque na cadeia do livro todos somos precisos  escritor e ilustrador, editor, tradutor, revisor, designer, gráfica, distribuidora, livraria, mediador, biblioteca e leitor, a 23 de Abril vá à livraria da sua zona ou encomende online, e envie um livro para quem lhe é mais querido.»

Sobre o vocabulário relacionado com os livros, além das muitas notas de apresentação da Montra de Livros, sugere-se a consulta de "Ler em todos os tempos", "No tempo do livro", "Os livros digitais", "Viagem a bordo da palavra livros", "Cerra-livros", "As iniciais nos títulos de livros e filmes" e "Bibliotecas".

5. Em três programas que a rádio pública portuguesa dedica à língua portuguesa, destacam-se os seguintes temas:

Os projetos do Brasil para a promoção e difusão do português no mundo são abordados em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 23 de abril, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*);

– O “Fórum Virtual: A Língua Portuguesa e a Cooperação Académica Sino-Lusófona na Área da Grande Baía”, que decorreu em 20 de abril de 2021, no IPM de Macau, é comentado no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 25 de abril, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 1 de maio, às 15h30*), programa que conta ainda com um depoimento do professor e tradutor Marcos Neves sobre a sua mais recente obra  História do Português desde o Big Bang –, uma crónica de Carla Marques em torno do verbo viver e, a propósito do 25 de Abril, um apontamento de Sandra Duarte Tavares acerca da palavra liberdade.

– O vocabulário militar e as suas especificidades são tema de uma conversa da jornalista Dalila Carvalho com o general Carlos Branco, no programa Palavras Cruzadas*, transmitido também pela Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h20*. Exemplos da singularidade desta linguagem: na Marinha ninguém anda «de barco», nem na Força Aérea  se usa a palavra avião, ou «carro» no Exército; nem há balas, mas munições, nem existem tanques mas carros de combate.  E qual, nos quartéis, o feminino de soldado, capitão e general?

* Hora oficial de Portugal continental, ficando depois os programas disponíveis  aqui, aqui, e aqui respetivamente.

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1. Numa altura em que se atinge o terrível número de 3 milhões de mortos por covid-19, registados em todo o mundo, o Brasil continua a lutar contra a evolução da pandemia, com efeitos intensos também sobre o pessoal ligado à saúde, o que levou já a que se considere esta situação uma «Guerra desleal». As palavras destacadas integram as nove novas entradas na rubrica A covid-19 na língua, a que se juntam as seguintes: Amêijoas, «Annus horribilis»Cabo Verde, Ecocídio e «É para o bem de todos», MIS-C e Patentes.  

2. A formação de palavras é um conteúdo abordado em diferentes momentos do ensino-aprendizagem do português, enquanto disciplina de estudo. Trata-se de uma área complexa pelas variáveis que envolve, pelo que suscita com alguma frequência dúvidas de âmbito diversificado. Exemplo desta realidade é a questão que pretende aferir se o nome floresta se terá formado a partir de flor, aspeto que se analisa na nova atualização do Consultório. No plano da semântica, as respostas incidem sobre os valores de nexo expressos pela locução «uma vez que» e sobre os valores expressos pelo advérbio em diferentes contextos de uso. Exploram-se ainda os sentidos do provérbio «Tenho uma gaveta, não sei que lhe faça nem sei que lhe meta» e o valor do substantivo ligeira, usado no interior de São Paulo. Por fim, regressa-se à colocação do pronome clítico em orações infinitivas com advérbios. 

3. Contos com Nível (A1), da autoria de Ana Sousa Martins, linguista e coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, é o novo volume da coleção destinada a estudantes de português língua estrangeira, desta feita visando o nível inicial de aprendizagem da língua, como se explica na Montra de Livros, onde a obra é apresentada. 

4. A linguista e professora universitária Margarita Correia aborda na sua crónica semanal, publicada no Diário de Notícias, aspetos relacionados com a língua espanhola no mundo, aproveitando o facto de a 23 de abril se comemorar o Dia Mundial da Língua Espanhola (texto aqui transcrito com a devida vénia).  

5. A crónica da professora universitária Edleise Mendes apresenta os materiais destinados a alunos e professore de português língua estrangeira e português língua não materna, disponíveis na plataforma digital PPPLE. Este é um portal que foi criado em 2013 e, desde então, não parou de crescer ao serviço da aprendizagem da língua portuguesa (crónica apresentada no programa Páginas de Português, da Antena 2, aqui transcrita). 

6. Entre os eventos relacionados com a língua portuguesa, destacamos os seguintes: 

— A conferência proferida pelo professor universitário Augusto Soares da Silva sobre o tema "Variação construcional de significado: a alternância de construções entre "se" explícito e nulo no PB (disponível aqui);

— A chamada de resumos para o 14.º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português, com lugar em 9 e 10 de julho de 2021, em Chaves, subordinada ao tema "Português: avaliação na aprendizagem" (mais informações aqui);

— O anúncio da criação do Prémio Literário Luis Sepúlveda, um ano após a morte do autor, promovido pelo Festival Literário Correntes de Escrita e pela Porto Editora;

— A disponibilização pela Direção-Geral de Educação de um guia para escrita / leitura clara, no âmbito da educação inclusiva (recurso disponível na página da DGE). 

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1. Enquanto a pandemia se agrava, por exemplo, na Alemanha, o parlamento português aprovou o 15.º estado de emergência (até 30 de abril p. f.). De acordo com o plano governamental, Portugal passa também à 3.ª fase do desconfinamento em 19 de abril, data em que se retomam várias atividades, designadamente com o regresso às aulas presenciais no ensino secundário e no superior.  Ao mesmo tempo, tendo sobretudo em mente os alunos mais novos, vários especialistas defendem medidas para a recuperação de aprendizagens e propõem as chamadas «escolas de verão». A esta expressão juntam-se sete outras novas entradas que, documentando as consequências da pandemia e os esforços de desconfinamento a três velocidades, constituem mais uma atualização do glossário A covid-19 na língua: «confinamentos locais», «Estado de emergência XV», fala, «incidência vizinha», «névoa mental», «kit de intubação» e voz.

2. A língua portuguesa tem um importante significado para a história e identidade timorenses. A propósito desse contributo estruturante, dedica-se na Montra de Livros uma breve nota de apresentação ao livro Identidade e Resistência da Língua Portuguesa em Timor Leste, de João Pedro Góis.

3. «Tem-se amigos» ou «têm-se amigos»? O que será mais correto quando se usa o pronome se, como forma de não identificar o sujeito? A esta questão, que envolve o se indeterminado e o se passivo, a atualização do Consultório junta outras seis: que significados pode ter o mais-que-perfeito do conjuntivo nas orações concessivas? Morador é nome ou adjetivo? Como explicar a forma verbal da frase «é chegada a hora da partida»? É legítimo formar o nome segurês e o verbo reconceber? Como classificar que e o que em frases  interrogativas?

4. Que impacto na unidade e diversidade da língua estão a ter os conteúdos do Youtube e doutras plataformas? Um trabalho da BBC Brasil – "O YouTube influencia o jeito de falar da minha filha" (13/04/2021) – reúne depoimentos e conclusões sobre as consequências linguísticas das novas modalidades de comunicação e consumo mediáticos entre os mais jovens (artigo partilhado pelo Ciberdúvidas no Facebook).

5. Entre publicações com interesse para o conhecimento da língua portuguesa, destacam-se:

– o lançamento em 20 de abril de um novo livro do professor universitário e tradutor Marco Neves, com o sugestivo título de História do Português desde o Big Bang, numa edição da Guerra e Paz;

– e um novo dicionário destinado a estudantes de Português como Língua Estrangeira (PLE), que passou a estar disponível na Infopédia.

6. Temas e horários de programas dedicados à língua portuguesa:

– Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa fala-se da situação do ensino de português em Cabo Verde (A Língua de Todos, RDP África, sexta-feira, 16 de abril, 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*), bem como da política do Brasil para o ensino internacional do português, do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira (PPPLE) e da obra As Literaturas em Língua Portuguesa, de José Carlos Seabra Pereira (Páginas de Português, Antena 2, domingo, 18 de abril, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 24 de abril, às 15h30*).

* Hora oficial de Portugal continental.

– O programa Palavras Cruzadas*, concebido e conduzido pela jornalista Dalila Carvalho, emitido também na Antena 2**, tem como tema a linguagem complicada dos organismos oficiais e privados em Portugal

** De segunda a sexta-feira, dias 19-23/04, às 09h50 e às 18h20, ficando posteriormente disponível na  RTP Play.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Parecendo ainda longe de chegar ao fim do túnel, a pandemia vai deixando um rasto de consequências em vários planos: a nível sanitário, financeiro, económico, entre muitos outros. A expressão «novos pobres» ilustra, de forma expressiva, uma nova realidade que emerge no contexto em que se vive. Esta expressão faz-se acompanhar de seis outras novas entradas em A covid-19 na língua, que vão dando conta  dos passos que a língua vai dando para descrever a realidade. São elas: Bactéria, «Endemias, epidemias, pandemias e pragas», «Epidemias bacterianas ≠ víricas (ou virais)», "Mão de Deus", Nanómetro e Olhos

Primeira imagem: Pobres na praia, de Pablo Picasso, 1903. 

2. À distância de um século encontra-se a famosa carta que Fernando Pessoa endereçou a Adolfo Casais Monteiro, na qual, a certa altura, o autor considerava a forma «eu mesmo» mais correta do que «eu próprio». Não deixa de ser curioso que, na atualidade, continuem a ter lugar dúvidas baseadas na relação entre mesmo e próprio, como se observa na questão que incide sobre a possibilidade de sinonímia entre os dois numa dada construção. Na atualização do Consultório, aborda-se ainda o significado da expressão «ter cada uma», procura-se um caminho didático para minimizar os usos indevidos da preposição por por parte de hispanofalantes e reflete-se sobre a construção «ainda + gerúndio». Ainda uma questão relacionada com os valores aspetuais habitual e iterativo e, por fim, um esclarecimento sobre a redação de números numa ata.  

3. O acompanhamento da evolução da pandemia em Portugal tem levado a que expressões como Rt e incidência tenham destaque no léxico quotidiano, situação que motivou a crónica da professora Carla Marques para o programa Páginas de Português da Antena 2 (aqui transcrita).

4.  O Dia Mundial da Língua Chinesa, que se celebra a 20 de abril, abre portas à reflexão da professora e investigadora Margarita Correia sobre a diversidade de línguas existentes na China e sobre a emergência do mandarim (crónica publicada no Diário de Notícias e aqui transcrita com a devida vénia).  

5.  O ensino do português no Canadá é o tema central da obra Teaching and Learning Portuguese in Canada (Ensino e Aprendizagem de Português no Canadá) da autoria dos professores universitários Inês Cardoso e  Vander Tavares, que aqui se apresenta por meio de um artigo da responsabilidade da agência Lusa (transcrito com a devida vénia). 

 6. Dia Mundial das Artes será comemorado no dia 15 de abril. Neste dia celebra-se a importância da arte em todas as áreas da vida humana, como forma de educar, transformar, intervir, consciencializar. Entre as inúmeras manifestações artísticas, encontra-se o trabalho com a língua que se liga, de forma inalienável, à importância da literatura, um espaço onde as palavras e as ideias que estas veiculam proporcionam fruição, reflexão e, não raro, ação.

Sugerimos alguns textos disponíveis no Ciberdúvidas, que poderão propiciar a reflexão sobre a importância da língua: «Sobre a palavra literatura», «O texto literário e a literatura», «Literatura popular», «Promover a literatura portuguesa», «A literatura regional e a linguagem» e «O uso literário do português».

 7. No Brasil decorre a inscrição na 7.ª edição das Olimpíada da Língua Portuguesa, destinada a professores e alunos do 5.º ano do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio, das escolas públicas. A edição deste ano subordina-se ao tema "O lugar onde vivo". 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Após a pausa pascal, a semana que finda foi marcada em Portugal pelo regresso dos alunos do 2.º e 3.º ciclos às aulas presenciais em 5 de abril, acompanhado do processo de vacinação. Contudo, os temores criados pelos efeitos secundários da vacina da AstraZeneca (têm-se registado casos de tromboembolismo após inoculação) levam a que esta seja recomendada pela Direção-Geral de Saúde apenas a pessoas com mais de 60 anos. Destes e doutros acontecimentos da crise pandémica dão conta as 17 novas entradas em "A covid-19 na língua": bem de interesse público, benefícios/riscos, berbicacho, cães covid, contagiadocontaminado, empresas zombies, eventos-teste, lista-semáforo, 2 milhões,13 milhões, 200 milhões, pandemia na sombra, trombo, Vaccines Europe,vaporetto, via sacra, virose. Iniciado em março de 2020 (cf. Abertura de 20/03/2020), este glossário chega assim, na presente atualização, a mais de 1110 entradas, reunindo palavras e locuções postas em circulação pelos media em português, no registo diário das graves repercussões nacionais e internacionais da pandemia de covid-19.

2. No Consultório, salientam-se os diferentes significados do verbo subir conforme se usa com ou sem preposição («subir à serra» vs.«subir a serra»). Mas há mais dúvidas, quanto à grafia de Conservação e Restauro, nome de uma disciplina de formação artística; aos usos e as variantes das locuções «no fim» e «ao fim»; à possibilidade concordância do infinitivo associado à sequência «ter a vantagem de»; à construção «afigura-se»+ adjetivo; à colocação do pronome átono em «vou-me tornando»; ao superlativo absoluto sintético de cortês.; ao significado de sandeu e fol nas cantigas galego-portuguesas; à opção entre maiúsculas  e minúsculas na grafia de «Zona Euro»; e à sinonímia entre ex-ministro e «antigo ministro».

3. Quantas vezes perseguidos, os ciganos e as suas tradições têm também chamado a atenção de estudiosos e académicos, entre os quais sobressai Adolfo Coelho (1847-1919). A sua obra Os Ciganos em Portugal – com um estudo sobre o calão (1892) atesta numerosas palavras, expressões e frases típicas do falar cigano em Portugal, no século XIX. Na Montra de Livros, a professora e linguista Carla Marques faz uma apresentação deste estudo, a que agora também se pode aceder por via digital.

4. Na rubrica O Nosso Idioma, transcrevem-se, com a devida vénia, três artigos de diferentes fontes de informação jornalística:

–  uma reflexão da escritora e professora Ana Albuquerque sobre a importância da relação poesia-música para definir a essência da língua portuguesa (do jornal digital Viseu Now, 07/04/2021);

– um apontamento da linguista Margarita Correia à volta das origens do termo literacia e da sua introdução no léxico português (Diário Notícias, 05/04/2021);

– e, a respeito da etimologia da palavra café e dos seus cognatos noutras línguas europeias, uma crónica do tradutor e professor universitário Marco Neves (no portal SAPO24 e também no blogue Certas Palavras, 28/02/2021).

Não obstante a pausa da Páscoa (entre 29 de março e 8 de abril p.p.; cf. Abertura de 26/03/2021), durante esses dias e em diferentes rubricas, o Ciberdúvidas pôs outros conteúdos em linha, a saber: "Em defesa do dicionário", "Noctivagia", "Em defesa da aula (presencial)", "Confinar e desconfinar", "Beirofobia", "Quão expectável é?", "A falta da preposição numa publicidade da McDonald’s", "Chamar «insurgentes» a terroristas?!", "O português a saque", "Discutir o racismo n’Os Maias é ensino responsável ou ameaça à autonomia da literatura?" e "Voltamos à escola agarrados à primavera".

6. Da atualidade com interesse para o estudo do português e da sua história, os seguintes registos:

– O Projeto Vercial, um portal associado à Universidade do Minho, passou a dispor de uma secção onde várias obras literárias se encontram lematizadas, ou seja, com as formas canónicas das palavras de cada texto organizadas em índice. Entre os livros selecionados encontram-se Os LusíadasAs Cidades e as Serras (Eça de Queirós), Anátema (Camilo Castelo Branco) e Mau Tempo no Canal (Vitorino Nemésio).

– O esforço de Sara Frederica Santa Maria, uma cidadã malaia, que, procurando ultrapassar os condicionalismos da pandemia, tem criado aulas e páginas na Internet para manter e incentivar o uso de crioulo de matriz portuguesa de Malaca (revista Visão, 05/04/2021).

7. Temas centrais dos programas que a rádio pública portuguesa dedica à língua portuguesa:

– Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas:

♦ a capacidade do escritor Mia Couto de inventar palavras, comentada pela professora Guilhermina Jorge (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 9 de abril, pelas 13h20*; no programa, intervém também a professora brasileira Edleise Mendes com uma crónica sobre língua e cultura);

♦ e uma entrevista com o secretário de Estado da Educação João Costa, acerca do estudo apresentado na primeira semana de abril, em Portugal, pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 11 de abril, pelas 12h30*), programa que inclui ainda uma crónica da professora Carla Marques, a respeito dos termos Rt e incidência, oriundos do léxico científico, que entraram na comunicação quotidiana.

* Hora oficial de Portugal continental.

– Também no programa Palavras Cruzadas* na Antena 2*, a professora Carla Marques é convidada pela jornalista Dalila Carvalho, para falar dos advérbios de modo terminados ou não em -mente, dos modismos redundantes, do infinitivo flexionado, da norma-padrão e da variação, do pronome relativo que associado a preposição e a um uso incorreto do verbo gostar.

*De segunda, dia 12, a sexta-feira,16 de abril, às 9h50 e às 18h20, ficando posteriormente disponível na  RTP Play.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Por proposta do Presidente da República e aprovado pela Assembleia da República no dia 25 de março de 2021, foi renovado em Portugal o estado de emergência (o 14.º), em vigor entre as 00h00 de 1 de abril e as 23h59 de 15 de abril. As disposições tomadas incluem, além de medidas já aplicadas, as que visam evitar a especulação de preços e o açambarcamento de testes à covid-19 e outro material médico-sanitário. A Páscoa 2021 fica, assim, marcada, à semelhança do ano anterior, por medidas de restrição um pouco por toda a Europa, não sendo Portugal exceção, com a proibição de circular entre concelhos acompanhada do dever de confinamento. Entretanto, prossegue a diferentes ritmos, entre avanços, atrasos, polémicas e até inércia, o processo de vacinação em diferentes países. É este, em traços breves, o quadro refletido com mais pormenor nas 14 novas entradas de "A covid-19 na língua": ameaça global, antiviral oral, estado de emergência XIV, fado covid, ingenuidade, juiz anticonfinamento300 mil, 900 mil, multas antiférias, recém-vacinados, rendimento social de inserção, Semana Santa restritiva, tripanofobia, taxa de mortalidade (e não de "mortandade"), vacinódromo.  A pretexto da estratégia de testagem em massa da população com lugar a partir de abril de 2021, foram também atualizadas as entradas de sem-abrigo e migrantes.

2. As terminologias técnicas e científicas têm, por vezes, desígnios que escapam à gramática de uma língua – assim ocorre dizer quando se descobre que a unidade denominada "pascal" tem como plural a forma "pascals" (e não "pascais")*. Para saber porquê, leia-se uma das novas respostas do Consultório, que aborda também os seguintes tópicos: o aspeto habitual associado a uma frase; a classificação de «cada um»; a enigmática frase «matou a charada com tirocínio certeiro»; a negação «nem todas»; as possíveis origens do apelido (sobrenome) Paulos; o uso do adjetivo criterial; e o acento tónico de certas palavras provenientes do grego (prólogo e problema).

* O nome da unidade vem do do matemático e filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662). Pascal é a forma francesa de Pascoal, nome próprio português com origem no adjetivo pascoal, «relativo à Páscoa». Note-se que pascal é também forma adjetival portuguesa, sinónima de pascoal.

3. Os dicionários podem ganhar pó por preguiça de os consultar, mas são um instrumento fundamental para desenvolver o domínio da língua, como realça o tradutor e revisor de textos William Cruz em texto transcrito, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição (Facebook, 21/02/2021) para a rubrica O Nosso Idioma.

4. Sabe-se que o português marmelada passou a várias línguas, mas não para ser aplicado ao mesmo tipo de doce. Nas Diversidades, um apontamento de Miguel Boieiro reúne uma série de curiosidades científicas e terapêuticas do fruto com que se faz marmelada, o marmelo.

5. Nas Notícias, regista-se a morte da escritora angolana Maria Alexandre Dáskalos em Luanda, em 20 de março p. p. Também se dá conta do plano que, em 25 de março, um grupo de economistas apresentou com vista à recuperação das aprendizagens por alunos do ensino básico (sobre o impacto da covid-19 na população escolar, consultar a rubrica Ensino).

6. Entre os temas de programas de rádio dedicados à língua portuguesa, salientam-se:

– O projeto do Dicionário do Português de Moçambique (DiPoMo), em A Língua de Todos* (RDP África, sexta-feira, 26 de março, pelas 13h20**; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00**).

– O Simpósio de Dialetologia e Sócio-Geolinguística, a decorrer de  24 de março a 28 de abril e organizado pelo Grupo de Pesquisa em Dialetologia, no Páginas de Português* (Antena 2, domingo, 28 de março, pelas 12h30**; com repetição no sábado seguinte, 3 de abril, às 15h30**).

– A religião, a linguagem da alimentação, a literatura  gastronómica, a doçaria de Páscoa e os rituais de fé católica, em Palavras Cruzadas** (Antena 2, semana de 29 de março a 3 de abril de 2021, segunda a sexta, às 09h50 e às 18h20).

* Programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa.

** Hora oficial de Portugal continental.

8. Comemorações deste e dos dias a seguir:

– Em 26 de março, o Dia do Livro Português, assinalado por numerosos eventos em Portugal, agora que as livrarias reabriram (finalmente). Na mesma data, o Dia Nacional do Utente de Saúde.

– Em 27 de março o Dia Mundial do Teatro, uma das áreas culturais mais afetadas com a pandemia, o qual é preenchido com uma série de espetáculos em linha como se pode confirmar pela revista Visão (26/03/2021) e aqui.

À volta do teatro, sugere-se a leitura das seguintes perguntas e artigos em arquivo: "Teatro", "Teatro português", "Performatividade + representar/representação, dramaturgia", "Levar à cena", "Os conceitos de hiperonímia e de hiponímia em arte, cinema, teatro, pintura e escultura", "Aderecista, caracterizador e maquilhador, profissionais da máscara (teatro)", "A origem da palavra coxia","Fosso (de orquestra)", "O significado de estásimo e de párodo (teatro)", "Forrobodó, farrobodó e farrabadó", "Diga? ", "A Geringonça, mas a da 'Esopaida' de António José da Silva".

– Em 28 de março, o Dia Nacional dos Centros Históricos.

A propósito de património, consulte-se: "Matrimónio / património", "O radical das palavras património, apadrinhar, padronizar e padroeiro" e "A língua como património comum".

– E, em 29 de março de 1911, o governo da I República alargava o ensino infantil, primário e normal a ambos os sexos.

9. No calendário litúrgico e tradicional do mundo cristão, celebra-se a Semana Santa, que decorre de 27 de março a 5 de abril, geralmente coincidindo com uma celebração essencial a outra tradição religiosa, a Pessach judaica (literalmente «passagem»). Durante este período, o Ciberdúvidas faz uma pausa, para depois retomar as atualizações regulares em 9 de abril. Ao longo dos próximos dias, a funcionalidade para envio de dúvidas não vai estar ativa, mas relativamente a assuntos que não envolvam temas gramaticais continuamos disponíveis através dos contactos habituais (aqui ou em ciberduvidasdalinguaportuguesa@gmail.com).

Entretanto, um poema de Eugénio de Andrade (1923-2005), do livro As Mãos e os Frutos (1948), como forma de ir lembrando que, por aqui, com confinamento ou (gradualmente) sem ele, é de novo primavera lá fora:

Olhos postos na terra, tu virás
no ritmo da própria primavera,
e como as flores e os animais
abrirás nas mãos de quem te espera.

Na imagem, Primavera (c.1917), de José Maria Veloso Salgado (Museu Abade de Baçal,Bragança).